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sexta-feira, maio 31, 2024

Marcas da graça


O último capítulo da Carta de Paulo aos Gálatas pode ser dividido em três partes. A primeira parte fala de um cristão que é “surpreendido pelo pecado”. A ideia do texto é essa. O pecado é algo que apanha o crente. É um percalço. O cristão que anda dependente do Espírito consegue resistir ao pecado, mas isso não significa que nunca mais peque (1João 1:8,10). Quando um cristão cai, um dos deveres da igreja, particularmente dos líderes, é ajudar essa pessoa a levantar-se. Nesse processo, os líderes não devem ter um sentimento de superioridade, mas de amor, mansidão e humildade. Têm a consciência que também podem cair. Para acontecer a restauração, a pessoa que falhou tem que admitir o pecado, estar arrependida e reconhecer autoridade de quem a está a encaminhar. 

Em Gálatas 6:2 lemos que devemos levar as cargas uns dos outros, mas no v.5 vemos que cada um deve levar a sua própria carga. Haverá contradição? Claro que não. A palavra original para cargas no v.2 é baros e a do v.5 é fortion. A palavra baros significa "um peso pesado", difícil de transportar sozinho, enquanto fortion refere-se a coisas que cada um pode levar por si. A partilha de cargas pesadas deve ser uma constante na vida da Igreja. Por outro lado, cada cristão é responsável pela sua própria conduta e por cumprir com as suas obrigações pessoais. 

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Na segunda parte, Paulo vai falar de questões práticas e usa a Lei da Semeadura: “Tudo o que o homem semear, isso também ceifará.” (Gl 6:7). Muitos abusos têm sido feitos pela má leitura do verso 6 que fala em repartir os bens com quem que o instruiu. É mais do que dar dinheiro, é partilhar benefícios materiais e espirituais. Se é um erro grave exigir dinheiro aos irmãos que nos ensinam a Palavra de Deus, mas também está errado não abençoar aqueles que nos ministram a Palavra.

A Lei da semeadura relaciona-se com Deus. Ninguém zomba de Deus! Se alguém pensa que Deus está indiferente a quem vive no pecado ou ao que demonstra ingratidão, está muito enganado. Semear na carne é viver para a satisfação dos desejos e prazeres humanos. É investir no que se vê, sem pensar na eternidade. O resultado disso é podridão espiritual e morte eterna. Por outro lado, semear no Espírito é investir no Reino de Deus. É depender de Deus, dando ouvidos à Sua Palavra e colocando-a em prática. A colheita dessa caminhada é a vida eterna, não que essa vida seja uma conquista do cristão obediente, mas é o resultado final de quem tem e anda no Espírito. Esta segunda secção termina com um incentivo para não desistirmos de fazer o bem a todos e muito especialmente aos da família da fé (v.9-10). Fazemos o bem não para ganhar a salvação, mas porque já estamos justificados pela graça e bondade de Deus.

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Na terceira parte, é o próprio Apóstolo que escreve e com “grandes letras” (v.11). Era normal ditar a carta a um escriba, mas nesta parte final, Paulo decide escrever com a sua própria mão. O destaque das letras seria para vincar da conclusão final e também para evitar cópias falsificadas de falsos obreiros que se faziam passar pelos Apóstolos. Os judaizantes estavam a obrigar os novos convertidos que não eram judeus a se circuncidarem. Gloriavam-se disso como se esse ritual os fizesse melhores. O Pr. Manuel Alexandre Júnior escreveu que “O cristianismo não é uma religião de cerimónias externas, mas sim algo interior e espiritual, do coração." Paulo só tinha uma coisa que se gloriava, era a cruz de Cristo. Na cruz foram desfeitos todos os rituais e preceitos religiosos. Para Deus não importa se a pessoa é religiosa ou se não tem religião. O que conta é se é uma nova criatura (2Co 5:17 5). A cruz de Cristo era o centro da mensagem e da vida de Paulo. Sigamos o seu exemplo.

Antes da bênção final, Paulo dá um testemunho pessoal: “ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus” (v.17). Pode surpreender alguns, mas Paulo tinha muitas tatuagens. Não eram desenhos coloridos feitos por um tatuador, mas cicatrizes feitas pelas varas, chicotes e pedras de judeus e romanos que lhe rasgaram e marcaram o corpo. Eram marcas da graça. Marcas físicas e emocionais dos muitos sofrimentos que passou por causa da fé em Cristo.

O apóstolo conclui como começou: com a graça de Deus. A temática da graça permeia toda esta Carta (1:3,6,15; 2:9; 2:21; 5:4; 6:18). A nossa vida está relacionada desde o princípio até ao fim com a maravilhosa graça divina. Nascemos, somos salvos, santificados e seremos glorificados, por causa da graça divina. Hoje é o dia de deixar de confiar na religião e aceitar a maravilhosa graça de Deus manifesta em Cristo. Somente o Evangelho de Jesus Cristo liberta! São boas novas! As melhores.


quarta-feira, maio 08, 2024

Duas formas de vida


Capítulo 5 da Carta de Paulo aos Gálatas não é uma lista de pecados de pessoas “más” em contraponto com uma lista das virtudes de pessoas “boas”. São dois sistemas diferentes de vida. Duas formas de vida. É a escolha entre o caminho da carne e o caminho do Espírito. Viver e andar pelo Espírito Santo é a proposta divina. O que é isso de andar em Espírito? Será sair do corpo? Andar nas nuvens?  

Há uma luta dentro de cada cristão, o conflito da carne contra o Espírito. É a batalha para fazermos mal quando queremos fazer bem, que está bem expressa no testemunho de Paulo aos Romanos (Rm 7:18-24). Só quando deixamos que O Espírito nos encha e guie é que vamos ter vitória. Torna-se, por isso, imperioso dar lugar ao Espírito e não às obras da carne. As obras da carne podem dividir-se em 4 grupos. 

- O 1º Grupo são pecados sexuais. “Ora, as obras da carne são manifestas e são: prostituição, impureza, lascívia” (v.19). “Prostituição” é a tradução do termo grego “porneia”, que inclui todos os tipos de pecados sexuais, seja adultério, fornicação, masturbação, incesto, homossexualidade, entre outros. A carne apodrecida pelo pecado manifesta a natureza que lhe é própria. O impulso sexual é algo muito forte no ser humano e não é pecado, mas os desvios e abusos nesta área tem enfraquecido e destruído muitas pessoas, famílias e até igrejas. 

- O 2ª grupo são os pecados religiosos: “idolatria, feitiçarias” (v.20). Estes dois pecados sintetizam a perversão do culto a Deus. A idolatria desvia a pessoa do verdadeiro Deus. João Calvino disse que o “coração humano é uma fábrica de ídolos”. A idolatria não está só ligada à religião ou às estátuas. Ídolo é tudo aquilo que recebe a adoração e a glória que pertencem somente a Deus. Deus diz: “Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor, às imagens de escultura.” - Is 42:8. Feitiçarias (pharmakeia, literalmente “uso de drogas”) é quando a pessoa recorre ao sobrenatural maligno para alcançar os seus fins. Bruxarias, poções, cultos desviantes e muitas outras coisas que resultam em engano, opressão e decepção.

- O 3º grupo são os pecados relacionais: “Inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios” (v.20;21a). São alguns exemplos de pecados ligados aos relacionamentos humanos. As atitudes conflituosas, invejosas, os acessos de ira, as discórdias, divisões, os assassinatos são o resultado da carne envenenada pelo pecado. Notar o crescendo dos pecados que culminam em mortes. Muitos assassinatos se têm dado por causa do ciúme, das invejas e das raivas humanas. O ser humano que não tem comunhão com Deus tem graves problemas relacionais.

- O 4º grupo são os pecados pessoais: “bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas” (v.21b). São algumas coisas que até podem ser desejos naturais, mas que sem o necessário domínio próprio, podem tornar-se problemas graves. Podíamos incluir nas “coisas semelhantes a estas”: os vícios, a droga, o jogo, os prazeres carnais. Subentende-se que “não entrarão no Reino de Deus” todos os que fizerem estas coisas de forma habitual, reiterada e constante. Paulo não está a falar aqui da prática de um pecado isolado, mas da prática continuada destes pecados e de pessoas que não se arrependem disso.


O fruto do Espírito em oposição às obras da carne, Paulo descreve as atitudes que O Espírito Santo produz – Gl 5:22. Donald Guthrie diz que “a mudança das “obras” para “fruto” é importante porque remove a ênfase do esforço humano.” As obras da carne são resultado do nosso trabalho; o fruto do Espírito é obra do Espírito Santo em nós. O fruto é o resultado natural da vida. Uma árvore viva e saudável produz naturalmente bom fruto. Este fruto é um dom de Deus e manifesta-se na medida em que damos lugar ao Espírito Santo. O fruto do Espírito é singular, ao contrário das obras plurais da carne. É como uma laranja com 9 gomos. Para facilitar a exposição vamos dividir em 3 grupos de virtudes produzidas em nós pelo Espírito. 

+ O primeiro são as virtudes primordiais: “amor, alegria, paz”. Primordiais porque surgem no início e porque são essenciais na manifestação do Espírito. O termo para amor no grego é “agapé”, que se refere ao amor de Deus. É o amor eterno, constante, incondicional, generoso, sacrificial. “Deus prova o seu amor para connosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” Rm 5:8. Ao contrário das paixões da carne que passam depressa, o amor do fruto do Espírito é eterno. A alegria do Espírito não é uma alegria que vem dos prazeres mas é um gozo que dá sentido e força para viver. A paz de Deus que excede todo entendimento (Fp 4:7) enche o coração de quem está cheio do Espírito, independentemente das circunstâncias. Se não há amor, alegria e paz na nossa vida, significa que estamos longe da comunhão do E.S. 

+ O segundo grupo são as virtudes relacionais: “longanimidade, benignidade, bondade”. Outras versões traduzem como “paciência, amabilidade, delicadeza”. Quando deixamos que O Espírito comande a nossa vida vamos ter mais paciência com os que nos irritam. Iremos ter uma atitude gentil e bondosa para com o nosso próximo. 

+ Por último, as virtudes pessoais: “fé, mansidão, temperança.” A palavra fé, também pode ser traduzida por “fidelidade” ou “lealdade”. O cristão cheio do Espírito Santo e controlado por Ele vai ter mais mansidão e domínio próprio. É fácil constatar que vivemos num mundo cheio de pessoas sem fé, altamente descontroladas e descompensadas. Falta-lhes O Espírito Santo. 

Paulo termina este capítulo 5 dizendo que o cristão deve considerar a sua velha natureza pecaminosa crucificada e morta com Cristo – Gl 5:24. A nossa responsabilidade não é matar a carne, mas crer que ela já foi crucificada em Cristo (Gl 2:20). Há uma grande diferença entre viver no Espírito e andar no Espírito. Todos os cristãos vivem no Espírito quando recebem Jesus, mas nem todos andam no Espírito, ou seja, nem todos se deixam guiar e controlar pelo Espírito Santo. 

O v.26 Paulo relembra que os salvos devem viver de forma coerente e correcta com os seus irmãos.  “Não sejamos egoístas, nem nos irritemos uns aos outros, nem tenhamos inveja uns dos outros.” Para isso precisamos do Espírito Santo. Se alguém pensa que consegue viver a vida cristã sozinho está-se a enganar a ele próprio. Precisamos orar e deixar que Ele nos guie e oriente a nossa vida. "O fruto do Espírito é a manifestação exterior da salvação. O mesmo Espírito que nos convence do pecado e regenera é o mesmo que nos torna frutíferos na nossa caminhada cristã" escreve o Pr. Manuel Alexandre Júnior. 

Somente somos justificados pela fé em Cristo e somente pelo Espírito somos santificados. Assim como não é possível salvarmo-nos pelas boas obras também não é possível viver a vida cristã pelos nossos esforços sem o Espírito Santo. Que a dependência do Espírito Santo seja a tua forma de vida, porque a vida segundo a carne leva à morte eterna. “Se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.” - Rm 8:13. Que Deus nos ajude a viver na dependência do Espírito, para o seu fruto seja uma realidade em nós.

quarta-feira, abril 03, 2024

A Liberdade

Estamos a comemorar em Portugal os 50 anos da Revolução que aconteceu no dia 25 de Abril de 1974, também chamada de Revolução dos cravos. A liberdade é uma coisa preciosa, a liberdade espiritual que podemos desfrutar através da fé em Cristo é ainda mais. 

O Apóstolo Paulo incentivou os crentes da região da Galácia a estarem “firmes na liberdade com que Cristo nos libertou!” (Gálatas 5:1-15). Esta liberdade é a libertação dos falsos ensinos especialmente dos que defendem que os rituais religiosos podem salvar. As religiões aprisionam as pessoas, Jesus Cristo liberta. Não dá para aceitar que o sacrifício de Jesus é a única coisa que nos salva e depois esforçar-se por ganhar a salvação com rituais. Só existe uma maneira de alguém ser salvo, é crer que Jesus Cristo é o único Salvador e Senhor.

"Cair da graça" (Gl 5:4) não significa perda da salvação. Essa expressão significa que quem confia que será salvo pelas obras religiosas está a recusar a graça de Deus. Ainda está separado de Cristo. Quando Deus salva alguém essa pessoa está salva eternamente. Paulo diz que não faz diferença para Deus estar circuncidado ou não (Gl 5:6), porque para Deus não importa se a pessoa é religiosa ou não é religiosa. O que importa é a fé colocada em Cristo. É necessário firmeza nessa fé. Mas não é por nos mantermos firmes na fé que iremos ser salvos, é por sermos salvos que vamos permanecer firmes na fé.

As doutrinas falsas têm grande impacto na vida das pessoas e nas igrejas. A má doutrina é pão estragado para a boca, a sã doutrina é bom alimento. Aqueles que ensinam que os cristãos precisam guardar alguma parte da lei de Moisés estão a ir contra o evangelho de Deus. A punição é certa para esses falsos mestres. Há uma grande responsabilidade para os que ensinam e pregam a Palavra de Deus. O púlpito não é um lugar sagrado, mas é um dos lugares onde o servo de Deus deve pregar a verdade e a liberdade que há no Evangelho.

A liberdade com que Cristo nos libertou não é para vivermos de qualquer maneira (Gl 5:13). Não podemos abusar da liberdade que Cristo nos dá. A liberdade cristã não é libertinagem. Que nenhum cristão pense que por ser salvo pela graça de Deus tem licença para pecar. Cuidado com a liberdade autónoma. “O que é a liberdade autónoma? É a liberdade em que o indivíduo é o centro do universo. Liberdade autónoma é a liberdade sem restrições”, esclarece Francis Shaeffer. 

A liberdade de Cristo implica fé, santidade, compromisso e serviço. A vida do cristão deve ser uma vida de serviço ao Senhor e aos outros. É a fé manifesta em actos amorosos. Devemos rejeitar o zelo religioso que negligencia o mais importante da fé - o amor. Se a minha forma de falar e viver não espelha o amor de Cristo então eu não estou a viver o verdadeiro cristianismo.

Alguns irmãos das igrejas da Galácia estavam a criticar a verdadeira doutrina e a dar ouvidos ao erro. Isso estava a destruir a vida espiritual uns dos outros e a enfraquecer as igrejas locais. Uma coisa é discordar pontualmente, outra coisa é discordar da verdade. Uma coisa é ser do contra, outra bem diferente e perversa é ser sempre do contra. Essa não é a vontade do Senhor.

Cristo libertou-nos das amarras dos rituais e das regras religiosas. Cristo libertou-nos da condenação eterna. Libertou-nos do poder de Satanás e do reino das trevas. Estamos libertos do poder do pecado, porque o nosso homem velho foi crucificado com Cristo. Cristo libertou-nos do egoísmo, da vida centrada em nós próprios e das coisas materiais. 

O convite libertador de Jesus continua a ecoar hoje: "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres.” - João 8:36. A verdadeira liberdade está em Cristo. 

terça-feira, fevereiro 27, 2024

Filho de Sara ou de Agar?


Os judaizantes não davam tréguas às igrejas da Galácia. Como Cristo não lhes bastava, obrigavam os novos cristãos a guardarem os rituais judaicos. Paulo estava perplexo com os crentes da Galácia por estavam a dar ouvidos a esses enganadores. Ainda hoje, muitos tentam oprimir as pessoas com leis e rituais. Usam força, coacção emocional, material e espiritual. O servo de Deus deixa o Espírito Santo convencer as pessoas e lidera pelo amor, serviço e exemplo.

Para explicar a liberdade que temos em Cristo, Paulo vai usar uma alegoria (Gl 4:21-31). É uma alegoria, não por ser uma história fictícia, mas porque é uma narrativa verdadeira que simboliza algumas verdades espirituais muito práticas e esclarecedoras. 

Abraão teve dois filhos, um de uma escrava chamada Agar e outro da sua esposa chamada Sara, que era livre. Deus tinha prometido que Abraão seria pai de uma grande nação. Só que Sara era estéril e os dois já eram muito velhos. Numa espécie de tentativa para “ajudar Deus”, Sara disse a Abraão para se deitar com a escrava Agar. Ela engravidou e assim nasceu Ismael. Mais tarde, no tempo determinado por Deus, Sara também engravidou e nasceu Isaque, o filho prometido. 
 
A primeira ligação que Paulo faz entre Agar e Sara, é que elas representam duas Alianças. Agar simboliza a Antiga Aliança e Sara a Nova Aliança. Assim como Agar era escrava, a Antiga Aliança também estava presa a leis e rituais. A Nova Aliança, representada pela Sara livre, está ligada à liberdade de que podemos desfrutar através de Jesus Cristo. 
 
Os dois filhos também simbolizam aspectos muito importantes. O filho de Agar, Ismael, é o filho da carne. Nasceu de modo natural, de uma mulher escrava, de uma relação fora do casamento. É o resultado dos desejos egoístas e da precipitação carnal. Isaque, por outro lado, é o filho da promessa. Nasceu de uma mulher livre, segundo a vontade de Deus e de modo sobrenatural.
 
John MacArthur disse que “a concepção de Ismael representa a maneira do homem, o caminho da carne, já a de Isaque representa a maneira de Deus, o caminho da promessa. A primeira é semelhante ao caminho do auto-esforço religioso e à justiça das obras; a segunda é semelhante ao caminho da fé e à justiça imputada por Deus. Um é o caminho do legalismo, o outro o caminho da graça.”
 
A seguir, Paulo vai explicar que Agar simboliza também o Monte Sinai, que corresponde à cidade de Jerusalém. Isso era verdade por três razões. A primeira razão é porque a lei estava ligada ao Sinai, uma vez que foi dada por Deus nesse Monte, a Moisés e a Israel. A segunda razão, é porque em Jerusalém naqueles dias não existia liberdade total. Jerusalém estava cativa e amordaçada pelo império romano. A terceira razão, que é a pior escravidão de todas, estava relacionada com o fanatismo e o legalismo religioso dos judeus na "Cidade santa". Foi essa escravidão cega da religião que impediu que muitos Escribas, Sacerdotes, Fariseus e muitos judeus aceitassem o Messias Jesus, que veio para os salvar. 
 
Mas se Agar simboliza a Jerusalém terrena que está escravizada, Sara simboliza a Jerusalém livre, que é de cima, a Jerusalém celestial. A Jerusalém de cima, Paulo diz ser a nossa “cidade mãe” (Gl 4:26). Aqui “mãe” é uma metáfora para mostrar que a nossa verdadeira cidadania e segurança está no céu, com Deus. Entramos nessa Jerusalém celestial, não pela Lei, nem pelas boas obras ou rituais religiosos, mas somente pela graça e pelo sangue redentor de Jesus 
 
Paulo termina a alegoria dizendo que nós, os crentes em Jesus, "somos filhos da promessa, como Isaque” (v. 28). Ismael é o filho da carne, Isaque é o filho da fé. Isaque simboliza o novo pacto, a Aliança da graça, que tem origem em Deus e que trouxe a salvação e a libertação por Jesus Cristo. As pessoas que tentam conquistar Deus e a Sua salvação na força da carne, com boas obras e esforços humanos estão escravizados. A velha Aliança é a aliança das obras e baseia-se no esforço humano. A nova Aliança é a aliança da fé e fundamenta-se na obra exclusiva de Cristo e na graça de Deus. 
 
Se Agar simboliza o esforço humano que aprisiona a pessoa nos seus pecados e se Sara prenuncia a graça de Deus que oferece perdão e liberdade espiritual, fica a pergunta: És filho de Sara ou de Agar? 
Que possamos fazer nossas as palavras de Paulo aos Gálatas 4:31: “Sou filho, não da escrava, mas da livre!” Tudo isso acontece, não através de ritos religiosos, mas somente pela graça de Deus e pelos méritos de Jesus, quando cremos nele.

quinta-feira, fevereiro 08, 2024

Tu és Escravo ou Livre?

No início do Capítulo 4 de Gálatas Paulo apresenta um contraste entre a vida de escravo da Lei e a vida de um filho de Deus. Na verdade, é o grande contraste entre a Lei e a Graça. No mundo antigo, um herdeiro menor de idade só tinha direito à sua herança depois de atingir uma certa idade. Os pais encarregavam um tutor para instruir o filho e administrar a herança até ao tempo determinado pelo pai. Nesse sentido, o menino não era diferente dos escravos porque sendo livre, estava na mesma situação de um escravo, que não tinha direito legal a nenhum bem. 

Antes de Cristo, os judeus eram como meninos escravos do grande Tutor, a Lei mosaica. Estavam presos às letras dos “primeiros rudimentos do mundo”, que na verdade eram fracos e pobres, conforme Paulo explica no v. 9. Antes de conhecermos Cristo nós também éramos assim: prisioneiros do pecado, da religião, de nós próprios e daquilo que aprendemos.

Mas, na plenitude dos tempos, Jesus veio a este mundo. No tempo determinado por Deus, no tempo preciso da história humana, Deus enviou o seu Filho. O propósito da Sua vinda teve pelo menos quatro objectivos:

1º Redimir, salvar e libertar os prisioneiros da lei, da religião e do pecado.
2º Jesus também veio para nos adoptar como filhos. 
3º Para termos comunhão com O Deus triúno. 
4º Para deixarmos de ser escravos e sermos filhos e herdeiros de Deus. 

Quando nos arrependemos dos nossos pecados e recebemos Cristo como nosso Salvador, Deus envia o Espírito para termos comunhão com o Pai. Agora, já não somos escravos do pecado e da Religião, mas filhos de Deus. E se somos filhos de Deus, somos seus herdeiros. Escravo não tem herança, os filhos sim! Somos herdeiros da vida eterna, herdeiros do Reino, herdeiros das bênçãos do Senhor.

A grande pergunta: És escravo ou és livre? Um dos grandes problemas do ser humano é não saber o que é. Só há uma Pessoa que te pode tornar livre, é Jesus! “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres.” - João 8:36. Ligada à essa pergunta, outra: Se tu dizes que és livre porque é que vives como escravo?” Escravo das modas, escravo das opiniões, escravo dos vícios, escravo da ira, escravo da falta de perdão, escravo do pecado? Somos chamados a viver não na libertinagem do vale-tudo, mas na liberdade com que Cristo nos libertou.

Alguns crentes têm mente e comportamento de escravo. Oram pouco, lêem a Bíblia com superficialidade. Não têm compromisso com a Igreja. Faltam aos cultos. Não falam de Jesus. Mas se não temos verdadeira comunhão com o Pai e uns com os outros, estamos a ser maus filhos. Arrependamo-nos desses pecados! Afinal de contas, tu és e vives como um escravo ou como livre?

quinta-feira, junho 22, 2023

Três argumentos divinos


"Quem vos enfeitiçou?"
- Pergunta Paulo aos Gálatas no capítulo 3 da sua carta. Os falsos mestres estavam a ludibriar tanto os gálatas que pareciam feiticeiros. Antes da chegada dos judaizantes os gálatas estavam firmes na mensagem da justificação pela fé que Paulo lhes anunciou, agora estavam a dar ouvidos a enganadores. É muito importante estarmos firmes nas verdades centrais do Evangelho. Nos nossos dias, não faltam heresias para confundir os que estão inseguros na fé.

Paulo vai apresentar três argumentos divinos a favor da justificação pela fé, apelando ao que eles já tinham experimentado com o Deus triúno:

     Jesus Cristo crucificado (v.1; 13).
    2º A dádiva do Espírito Santo (v.2, 3)
     As maravilhas que o Pai faz (v.5)

O 1º argumento é que eles percebam que quem morreu na cruz para os salvar não foi Moisés, mas Jesus! Trocar Cristo por Moisés é uma insensatez, uma verdadeira loucura! Se a Lei mosaica pudesse salvar alguém porque é que Cristo precisou morreu na cruz? Esta questão continua a ser muito relevante nos nossos dias. Afinal quem é que nos pode salvar? A Lei? A religião? As boas obras? A Igreja? O dinheiro? A fama? Tanto a nossa salvação como o nosso crescimento espiritual dependem unicamente do Cristo crucificado. Precisamos de crer e receber o Cristo crucificado. Tim Keller disse que: "Um cristão não é alguém que sabe sobre Jesus, mas alguém que O viu na cruz".

Paulo avança para o 2º argumento e faz mais uma pergunta: “Recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé?” (Gl 3:2). A verdade é que os gálatas receberam a Pessoa do Espírito Santo, não por praticarem a Lei mosaica, mas pela pregação da fé em Cristo. No tempo da Lei o Espírito Santo não habitava de forma permanente nos crentes. A partir do Dia de Pentecostes, o Espírito Santo veio para selar e morar nos cristãos de forma permanente e eterna. Quem diz que os cristãos recebem o Espírito numa experiência posterior à conversão está enganado. Efésios 1:12-14 diz claramente que somos selados pelo Espírito Santo no momento em que ouvimos e cremos no evangelho.

A vida cristã começa e continua com o Espírito Santo. É Ele que nos dá consciência dos pecados, leva-nos ao arrependimento, concede-nos fé para crermos no Redentor Jesus. Mas a grande falta de compreensão espiritual dos gálatas (e nossa também), é que a vida cristã só é possível na dependência do Espírito. Alguns cristãos pensam que podem ser caminhar sozinhos ou agradar a Deus través dos seus esforços. Em vez de depender de Deus e ter comunhão com Ele, agarram-se a práticas ritualistas e legalistas. Isto produz cristãos cansados, frustrados e sem fruto espiritual. É nesta Carta que lemos: “Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.” (Gl 5:25).

No v.5 temos a última pergunta que é o terceiro argumento divino a favor da Justificação pela fé: “Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres entre vós, porventura, o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé?” “Aquele” refere-se a Deus Pai, que concedeu o Espírito aos gálatas e a nós também quando recebemos Jesus. Em João 14:16 Jesus diz que rogaria ao Pai, e o Pai nos daria outro Consolador, O Espírito Santo, que ficaria connosco para sempre. Mas não só isso, este versículo também diz que o Pai operava maravilhas nos gálatas e isso não era pelo poder da Lei mosaica, mas na sequência da pregação da fé, pela pregação do evangelho. A vida cristã é uma constante demostração do poder de Deus em nós. No milagre da vida, no milagre do novo nascimento, nas respostas às orações, nas curas, no cuidado sobrenatural do Senhor.

Hoje continuam a existir muitos legalismos e heresias que querem ofuscar a verdade do Evangelho. O legalista ainda não vislumbrou a liberdade que há no Evangelho da graça de Deus. "O único modo de exercermos um ministério que de facto experimenta a transformação na vida das pessoas é pregar o Evangelho para desconstruir tanto o legalismo quanto o relativismo." Tim Keller.

A vida cristã começa e vive-se na dependência do Espírito Santo. “Se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.” – Gl 5:18. Não há mérito humano na nossa salvação. É por isso que a glória pertence a Deus! Isto não significa ficarmos parados à espera que Deus faça tudo por nós, mas que devemos cooperar com Deus para Ele nos orientar o que devemos fazer.

Acreditamos e temos visto que Deus continua a fazer milagres e maravilhas. Deus é Senhor! O maior dos milagres é alguém arrepender-se dos seus pecados e crer em Jesus Cristo.  Augustus Nicodemus escreveu que devemos perseverar “na mensagem da fé que ouvimos no início – a da graça de Deus imerecida, em razão da qual temos experimentado e visto verdadeiros milagres de Deus.”

Olhemos "para Jesus, o autor e consumador da nossa fé. Ele, que pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, assentou-se à direita do trono de Deus.” – Hb 12:2. Andemos, não nos desejos e nas loucuras da carne, mas na dependência do Espírito Santo, deixando-nos guiar e conduzir por Ele. Sabendo que o Pai continua a testificar do seu poder pela pregação da Palavra, com sinais, milagres e maravilhas. Amém!


quinta-feira, abril 27, 2023

Pela verdade do evangelho


A história da Igreja está recheada de contestações, controvérsias e atritos. A maior parte dessas situações podiam e deviam ter sido evitadas, mas a que Paulo conta em Gálatas 2:11-21 foi útil à Igreja. Quando o Apóstolo Pedro visitou a igreja em Antioquia constatou uma igreja cheia da graça de Deus. Ali, teve comunhão com todos os irmãos, incluindo os cristãos gentios. Pedro conhecia bem a verdade do evangelho. Na casa de Cornélio ele tinha recebido uma visão da parte de Deus onde percebeu que O Senhor não faz acepção de pessoas e também compreendeu que a exigência da dieta judaica, muito restritiva, tinha terminado (Actos 10).   

Só que quando chegaram alguns irmãos de Jerusalém, enviados por Tiago, Pedro começou a afastar-se dos cristãos gentios e deixou de comer com eles. Mesmo conhecendo a verdade do evangelho, Pedro agiu de forma hipócrita. Fez isto porque temeu os da circuncisão, os judaizantes. Quando damos lugar ao medo ou estamos demasiado preocupados com a opinião dos outros, cometemos muitos erros. Além disso, esta atitude dupla de Pedro influenciou outros judeus em Antioquia, inclusive Barnabé, que era um grande amigo e companheiro do Apóstolo Paulo e um dos líderes daquela igreja. 

Perante isto, Paulo confrontou Pedro na presença de todos: “Tu és judeu e vives como um gentio e não como judeu, como é que queres obrigar os gentios a viverem como judeus?” Já existia muita confusão doutrinária nas igrejas por causa dos judaizantes e a atitude de Pedro estava a contradizer a verdade do evangelho da graça. Esta duplicidade de Pedro serviu para o Apóstolo Paulo defender de forma ainda mais veemente a justificação pela fé em Jesus Cristo (2:16-21). Alguns argumentos:

Primeiro, ninguém é justificado (declarado justo) pelas obras da Lei. O que fazemos, o que comemos ou não comemos, não nos torna mais justos ou santos. Segundo, judeus e gentios são igualmente pecadores e precisam ser salvos. Terceiro, a única verdade que nos pode salvar é a verdade do evangelho que diz que somos salvos pela fé em Jesus Cristo. Por último, o cristão é convocado a viver para Deus. Já fomos crucificados em Cristo, agora é a vida do Cristo ressurrecto que deseja viver em nós (2:20). Uma das grandes mentiras das religiões é que a graça de Deus não é suficiente para a salvação. Mas se é Cristo e mais alguma coisa, sejam obras, comidas, festas, dinheiro, promessas, sacrifícios ou outra coisa qualquer, então a morte de Cristo foi inútil! (2:21).  


Quatro aplicações desta passagem:  

1. Ninguém está imune ao erro. Quando alguém pensa que não falha, já caiu. Inerrante é a Bíblia, nós somos erráticos. Até os melhores pastores cometem erros. Precisamos vigiar para não falhar e ser humildes para reconhecer falhas. Os líderes têm maior responsabilidade para agir de modo coerente com o que ensinam e pregam.  

2. Pedro não viu logo o seu erro. Muitas vezes somos muito rápidos a identificar os erros e as hipocrisias dos outros, mas lentos a reconhecer os nossos próprios desacertos. Pedro conhecia a verdade do evangelho mas não a colocou em prática. É bom saber o evangelho mas ainda mais importante é viver a verdade do evangelho.  

3. As Escrituras são a palavra final. Ao contrário dos pastores e líderes religiosos, a Palavra de Deus não falha. Mais tarde, este mesmo Pedro escreveu: “A palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada.” - 1Pe 1:25. Muitas pessoas ficam desapontadas com pastores e líderes e abandonam a igreja porque não estavam bem firmadas na Palavra de Deus.  

4. A justificação é obra divina. Estamos todos condenados ao inferno e só Deus pode nos perdoar e nos declarar limpos de toda a condenação (Rm 8:1). A vida que tu como cristão és chamado a viver é uma vida de fé e de confiança em Cristo. A nossa salvação não é Cristo e mais alguma coisa - É SOMENTE CRISTO! Porque Jesus Cristo é o caminho, e a verdade, e a vida; e ninguém vem ao Pai senão por Ele (João 14:6). Esta é a verdade do evangelho!

terça-feira, março 28, 2023

Evangelho pregado e confirmado


Lemos na Carta aos Gálatas capítulo 2, que passados catorze anos Paulo volta a Jerusalém. O facto do Apóstolo exercer o ministério durante esse tempo sem ter ido ao centro apostólico em Jerusalém mostra que Paulo tinha alguma autonomia apostólica. A origem do ministério e da mensagem de Paulo não foram homens, foi o próprio Jesus Cristo.
 
Paulo não foi a Jerusalém porque os líderes da Igreja em Jerusalém pediram, mas por causa de uma revelação dada por Deus. Ali, Paulo pregou-lhes o evangelho, que costumava pregar aos gentios. O que precisa ser pregado nas igrejas é precisamente este poderoso Evangelho da graça. Martinho Lutero disse que “o verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.”  

Embora alguns “falsos irmãos” tenham ficado relutantes por Tito não ser circuncidado, sendo ele gentio, isso não intimidou Paulo e nem o fez ceder da liberdade que há na graça. Ainda hoje alguns crentes querem impor uma espiritualidade baseada em coisas exteriores, mas isso é fútil. Firmemo-nos, não na libertinagem irresponsável, mas na graça libertadora! A salvação não são se ganha por aquilo que fazemos mas por aquilo que Jesus fez por nós. Somos salvos somente pela graça, por meio da fé.  

Quando Tiago, Pedro e João constataram que o poder do evangelho de Paulo era o mesmo que o deles, estenderam as mãos a Paulo em sinal de comunhão fraterna e identificação com o ministério de Paulo. Tanto Paulo como os líderes de Jerusalém compreenderam que o evangelho da graça é só um. É certo que seriam ministérios com campos diferentes. Paulo iria semear mais nos gentios e eles nos judeus. A única recomendação dos líderes de Jerusalém foi que não se esquecessem dos pobres. Este conselho continua muito válido e pertinente para a Igreja nos nossos dias.


Duas aplicações podem ser retiradas desta passagem:  

A primeira lição é que só existe um evangelho. O evangelho de Paulo é o mesmo de Pedro, Tiago e João. São as boas novas que ensinam que Cristo morreu pelos nossos pecados, que foi sepultado, que ressuscitou ao terceiro dia, que ascendeu aos céus e um dia vai voltar. Que quem crer nele tem a vida eterna e não entrará em condenação. 

Hernandes Dias Lopes afirmou que “O evangelho é a única esperança para a humanidade. A igreja não pode substituir o evangelho por outra mensagem. A igreja não pode sonegar ao mundo o evangelho. O propósito de Deus é o evangelho todo, por toda a igreja, em todo o mundo.” Que a igreja nunca se deixe distrair com falsos evangelhos ou com outras coisas, mas possamos crer e continuar a anunciar o evangelho verdadeiro da graça de Deus. 

Uma segunda lição é que Paulo buscou e praticou a comunhão. Há grande bênção na união e na comunhão com os irmãos em Cristo. Paulo não foi sozinho a Jerusalém, levou Barnabé e Tito. Lá, os apóstolos e Paulo deram as mãos no mesmo combate. Num tempo de tanto individualismo e egoísmo, precisamos relembrar que a obra de Deus faz-se em cooperação. Quando ficamos em casa em dia de reunião, podendo vir à igreja, estamos a negar o princípio prático da comunhão. Que cada um de nós, com a ajuda de Deus, faça a sua parte com vista à comunhão e à paz. Que O Senhor nos ajude.

segunda-feira, março 06, 2023

Chamado pela graça de Deus


Os inimigos do apóstolo Paulo diziam que ele só procurava aprovação humana e que queria agradar a todos com "a sua mensagem fácil da graça". O Apóstolo diz aos Gálatas que se buscasse a reconhecimento humano não seria servo de Cristo. Hoje vemos tantas pessoas que se esforçam para ganhar a aprovação de todos. As redes sociais são uma pequena prova disso. Quem procura agradar a todos, não agradando a Deus, acaba por não agradar a ninguém. Que Deus nos ajude a sermos verdadeiros servos de Cristo, agradando mais ao Senhor. 

Paulo queria demonstrar qual era a origem do seu chamado e da sua mensagem. Se a origem fosse humana não era muito confiável, mas como o seu chamado, mensagem e ministério vieram directamente de Deus, ele tinha toda a autoridade. Para reforçar isso, Paulo vai contar a forma como Deus o chamou e salvou. Enquanto ele perseguia os cristãos, cercou-o uma forte luz na estrada para Damasco. Caiu por terra e ouviu uma voz. Era Jesus. Ali, Deus chamou Saulo e comissionou-o para pregar a Cristo. A recepção inicial por parte das igrejas a este novo Saulo não foi muito boa. Todos tinham medo daquele que tinha perseguido a Igreja. É bom percebermos que quem vive e ensina fielmente a graça de Deus vai provocar sempre desagrado, oposição e inimigos. 

Nessa sua autobiografia, Paulo conta aos Gálatas as suas primeiras viagens, os encontros e desencontros. Os novos cristãos costumavam aprender com os Apóstolos nas igrejas da Judeia, mas ele tinha aprendido directamente de Deus e das Escrituras. Somente um milagre divino podia explicar a transformação deste fanático fariseu legalista num defensor da graça de Deus. Sim foi O Senhor que pela Sua graça separou, chamou e enviou Paulo. 

É Deus quem escolhe, chama e salva, mas nós não sabemos quem será salvo. Por isso nunca devemos deixar de orar e partilhar o Evangelho da graça a todos. Mesmo àquele que diz não querer nada com Deus e com a Sua salvação. Se Deus salvou a Saulo (e a mim), quem é que Ele não pode salvar? Hoje ainda é Dia de salvação! 

quarta-feira, fevereiro 08, 2023

Boas Novas que libertam

 

A carta de Paulo aos Gálatas é conhecida como “A Carta Magna da liberdade cristã”. Esta Epístola foi escrita às igrejas da Galácia pelo Apóstolo Paulo para defender o seu apostolado contra os judaizantes e para demonstrar que a salvação é somente pela fé em Cristo. Serviu também para exortar os cristãos a resistirem ao legalismo religioso e a firmarem-se na liberdade que há em Jesus.

Os judaizantes eram pseudo-cristãos que queriam misturar a graça com a Lei mosaica. Estavam a confundir e a desviar os verdadeiros cristãos, especialmente os mais novos. Os cordeirinhos são muito apetecíveis para os lobos devoradores. Eles não só deturpavam o evangelho da graça como também atacavam o mensageiro da graça. Gente mal intencionada sempre vai denegrir o evangelho e os líderes. Gálatas é um brado apologético a defender a pureza do evangelho nas igrejas locais.  

Ao contrário do que muitos pensam, é crucial ensinar a sã doutrina nas igrejas. Ainda hoje existem muitos ensinos falsificados. Os falsos evangelhos trazem sempre perturbação e confusão. Na verdade só existe um evangelho verdadeiro - o evangelho da graça divina (Gl 1:7-9). “A obra de Cristo é uma obra acabada, e o evangelho de Cristo é um evangelho pela graça mediante a fé somente, e sem a mistura de obras ou méritos humanos”, relembra o Prof. Manuel Alexandre Júnior. 

Foi por causa da intransigência de Paulo contra os erros dos judaizantes que a mensagem apostólica (que é a mensagem de Cristo) chegou até nós. Compete aos crentes partilhar estas Boas Novas que salvam e libertam. No meio de tanta confusão doutrinária e teológica, firmemo-nos no puro evangelho. As Boas Novas que proclamam a salvação e a libertação de Jesus Cristo para todo aquele que nele crer. Porque não há qualquer mérito nosso neste evangelho gracioso de Deus, toda a glória pertence somente a Ele.