quinta-feira, abril 27, 2023

Pela verdade do evangelho


A história da Igreja está recheada de contestações, controvérsias e atritos. A maior parte dessas situações podiam e deviam ter sido evitadas, mas a que Paulo conta em Gálatas 2:11-21 foi útil à Igreja. Quando o Apóstolo Pedro visitou a igreja em Antioquia constatou uma igreja cheia da graça de Deus. Ali, teve comunhão com todos os irmãos, incluindo os cristãos gentios. Pedro conhecia bem a verdade do evangelho. Na casa de Cornélio ele tinha recebido uma visão da parte de Deus onde percebeu que O Senhor não faz acepção de pessoas e também compreendeu que a exigência da dieta judaica, muito restritiva, tinha terminado (Actos 10).   

Só que quando chegaram alguns irmãos de Jerusalém, enviados por Tiago, Pedro começou a afastar-se dos cristãos gentios e deixou de comer com eles. Mesmo conhecendo a verdade do evangelho, Pedro agiu de forma hipócrita. Fez isto porque temeu os da circuncisão, os judaizantes. Quando damos lugar ao medo ou estamos demasiado preocupados com a opinião dos outros, cometemos muitos erros. Além disso, esta atitude dupla de Pedro influenciou outros judeus em Antioquia, inclusive Barnabé, que era um grande amigo e companheiro do Apóstolo Paulo e um dos líderes daquela igreja. 

Perante isto, Paulo confrontou Pedro na presença de todos: “Tu és judeu e vives como um gentio e não como judeu, como é que queres obrigar os gentios a viverem como judeus?” Já existia muita confusão doutrinária nas igrejas por causa dos judaizantes e a atitude de Pedro estava a contradizer a verdade do evangelho da graça. Esta duplicidade de Pedro serviu para o Apóstolo Paulo defender de forma ainda mais veemente a justificação pela fé em Jesus Cristo (2:16-21). Alguns argumentos:

Primeiro, ninguém é justificado (declarado justo) pelas obras da Lei. O que fazemos, o que comemos ou não comemos, não nos torna mais justos ou santos. Segundo, judeus e gentios são igualmente pecadores e precisam ser salvos. Terceiro, a única verdade que nos pode salvar é a verdade do evangelho que diz que somos salvos pela fé em Jesus Cristo. Por último, o cristão é convocado a viver para Deus. Já fomos crucificados em Cristo, agora é a vida do Cristo ressurrecto que deseja viver em nós (2:20). Uma das grandes mentiras das religiões é que a graça de Deus não é suficiente para a salvação. Mas se é Cristo e mais alguma coisa, sejam obras, comidas, festas, dinheiro, promessas, sacrifícios ou outra coisa qualquer, então a morte de Cristo foi inútil! (2:21).  


Quatro aplicações desta passagem:  

1. Ninguém está imune ao erro. Quando alguém pensa que não falha, já caiu. Inerrante é a Bíblia, nós somos erráticos. Até os melhores pastores cometem erros. Precisamos vigiar para não falhar e ser humildes para reconhecer falhas. Os líderes têm maior responsabilidade para agir de modo coerente com o que ensinam e pregam.  

2. Pedro não viu logo o seu erro. Muitas vezes somos muito rápidos a identificar os erros e as hipocrisias dos outros, mas lentos a reconhecer os nossos próprios desacertos. Pedro conhecia a verdade do evangelho mas não a colocou em prática. É bom saber o evangelho mas ainda mais importante é viver a verdade do evangelho.  

3. As Escrituras são a palavra final. Ao contrário dos pastores e líderes religiosos, a Palavra de Deus não falha. Mais tarde, este mesmo Pedro escreveu: “A palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada.” - 1Pe 1:25. Muitas pessoas ficam desapontadas com pastores e líderes e abandonam a igreja porque não estavam bem firmadas na Palavra de Deus.  

4. A justificação é obra divina. Estamos todos condenados ao inferno e só Deus pode nos perdoar e nos declarar limpos de toda a condenação (Rm 8:1). A vida que tu como cristão és chamado a viver é uma vida de fé e de confiança em Cristo. A nossa salvação não é Cristo e mais alguma coisa - É SOMENTE CRISTO! Porque Jesus Cristo é o caminho, e a verdade, e a vida; e ninguém vem ao Pai senão por Ele (João 14:6). Esta é a verdade do evangelho!

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