sábado, março 22, 2025

Jesus é o Maior!


A seguir a Jesus ter expulsado o demónio daquele jovem que o fazia surdo e mudo, Marcos conta que Jesus prossegue para Cafarnaum com os seus discípulos. Enquanto caminhavam, Jesus falou-lhes, mais uma vez, da sua morte e ressurreição. Os discípulos, além de não entenderem nada, ficaram com medo de perguntar o que aquilo significava. Esta dificuldade em entender o propósito redentor do Messias é desconcertante. Explica-se, em parte, pela expectativa judaica de que o Messias seria um libertador político, não um Cristo crucificado. Infelizmente esta incompreensão continua também nos nossos dias, nas pessoas a quem falamos da morte redentora de Jesus e tantos ainda nada entendem.

Chegados a Cafarnaum, Jesus faz-lhes uma pergunta: “O que vocês estavam a discutir no caminho?" Já vimos que quando Jesus faz perguntas não é para saber ou aprender algo, porque Jesus é Deus e sabe todas as coisas. As inquirições de Jesus, normalmente, servem para esclarecer dúvidas que precisam primeiro ser verbalizadas. Os discípulos nada responderam. Era o silêncio dos culpados. O assunto deles era demasiado comprometedor para o exporem a Jesus. 

Marcos informa-nos que a discussão dos discípulos era sobre qual deles seria o maior. Qual deles era o mais importante. Há aqui um contraste dilacerante entre Jesus estar a dizer que ia à cruz morrer, enquanto os discípulos discutiam entre eles quem era o melhor. O Senhor falava do momento mais importante da história do universo e as mentes dos apóstolos estavam ocupadas com desejos egoístas de grandeza pessoal.

Então, Jesus senta-se, chama os doze apóstolos e diz-lhes: “Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos.” No ensino de Jesus, se alguém quiser ser alguma coisa, deve aprender a servir os outros, dispondo-se a ser o último de todos. Para reforçar a lição, Jesus tomou uma criança nos braços e disse que quem receber uma criança em seu nome recebe-o a Ele. No mundo antigo, as crianças não tinham valor, eram desprezadas e ignoradas. Esta criança representa os esquecidos, os excluídos, os ignorados, os que não consideramos importantes. Jesus mostrou que o "maior" no Reino de Deus é aquele que ama, serve e ajuda quem precisa, assim como Cristo fez. 

Jesus é o maior exemplo de humildade e serviço. A maior prova de humildade que Jesus deu foi que, sendo Deus, sendo o criador do universo, Ele fez-se homem e como homem tornou-se servo. Sendo servo, Ele escolheu morrer numa morte horrível e vergonhosa, numa cruz. Em vez de querermos ser nós os mais importantes, confiemos naquele que é o Maior: Jesus Cristo. Ele foi o único que morreu e ressuscitou pelos nossos pecados (1Pedro 3:18). 

Quando tratamos bem as pessoas, quando valorizamos quem não é valorizado, quando amamos os outros, estamos a servir Jesus e o Pai. A ambição desmedida e o egoísmo fazem parte da nossa natureza humana caída. Ninguém pensa que é orgulhoso e arrogante ou altivo. Todos pensam que são humildes. A verdade é que todos queremos ser os maiores. Os mais importantes. 

A verdadeira grandeza não está em buscar posições ou cargos, mas no serviço simples e fiel a Deus e aos outros. Devemos servir com humildade, sem esperar elogios ou reconhecimento. Humildade não é pensar pouco sobre si, é pensar e agir como Jesus pensou e agiu. E Jesus, sendo O Senhor de tudo, viveu como servo humilde. Os líderes são chamados a liderar pelo exemplo, demonstrando amor e cuidado pelas pessoas ao seu redor (1Pedro 5:3). 

Devemos acolher os mais vulneráveis. A Igreja deve ser um lugar de acolhimento e abrigo. Que Deus nos ajude a cuidar daqueles que a sociedade despreza, como os órfãos, idosos, pobres e todos os excluídos. Que possamos tratar a todos com amor e respeito, independentemente da posição social. Partilhemos a fé em Cristo com todos, porque essa é a maior ajuda que podemos dar. Que possamos entender que só há um maior, é Jesus Cristo, porque de facto Jesus é mesmo o Maior!

segunda-feira, março 10, 2025

Deus transforma o mal em justiça e alegria

"O  âmago  da  Bíblia  e  do  cristianismo  não  é  explicar  a  origem  do  mal,  e  sim demonstrar como Deus age e transforma o mal no seu oposto, ou seja, em justiça eterna e alegria." 

- John Piper

quarta-feira, março 05, 2025

Fé em Jesus que tudo pode


Depois de Jesus ter mostrado a sua glória no monte voltou ao encontro dos outros nove discípulos que tinham ficado no vale. O contraste entre estes dois momentos é chocante. Passamos da gloriosa transfiguração de Jesus no monte, para a terrível possessão demoníaca no vale. Da voz doce do Pai que nos manda ouvir Jesus, para a voz muda de um menino amordaçado pelo diabo. Da paz para a confusão. Da luz para as trevas. 

Sim, os momentos celestiais com Deus “no monte” são maravilhosos, mas a vida do cristão é também a vida com Deus “no vale”. Somos chamados a estar no meio de gente oprimida, irritada, confusa e desalentada. O crente não é para ficar enclausurado na tenda do monte, é para caminhar com fé no tumulto do vale. Esta história não é só sobre a cura espiritual, é principalmente sobre a urgência de colocarmos a fé no poderoso Jesus.

A multidão agitada rodeava os discípulos. Os escribas discutiam com eles. No meio daquele alvoroço, Jesus é interrompido pelo pai de um menino que estava possesso por um demónio. O pai ajoelha-se diante de Jesus. Descreve o sofrimento do seu filho e lamenta que os discípulos de Jesus não tenham conseguido expulsar o demónio.

"Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei ainda?" Lamentou Jesus. Tantos milagres e maravilhas que O Senhor já tinha feito e ainda tanta incredulidade latente, da parte da multidão e dos discípulos. Até quando? A incredulidade indigna Deus. O povo de Israel não entrou na terra prometida por causa da sua incredulidade (Hb 3:19). Aquilo que leva as pessoas ao inferno é continuarem no estado de descrença. “Sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11:6).

"Trazei-mo!" disse Jesus. Levar pessoas a Jesus continua a ser a grande missão de cada cristão. Jesus transforma vidas! Possamos ser pais que levam os filhos a Jesus. Quando o jovem se aproximou de Jesus, o espírito agitou-o com violência. Os demónios conhecem Jesus e estremecem diante dele. Jesus perguntou ao pai há quanto isto lhe sucedia. Ele respondeu que desde a infância do menino. O objectivo do diabo é destruir a vida das crianças, dos jovens, das famílias.

Aquele pai rogou a Jesus que se Ele pudesse fazer alguma coisa que fizesse algo. Jesus respondeu: “Se tu podes crer! Porque tudo é possível ao que crê!” Em outras palavras, Jesus estava a dizer que a questão não era se Jesus podia, mas se o pai acreditava no Jesus que tudo pode. A dúvida, a incerteza e a falta de poder nunca estão do lado de Deus, estão sempre do nosso lado! Jesus é o Deus encarnado e Ele pode tudo! “Para Deus todas as coisas são possíveis” (Mc 10:27). 

Com lágrimas nos olhos, o pai exclamou: “Eu creio, Senhor! Ajuda-me na minha incredulidade.” Aquele pai tinha a consciência sincera da sua pequena e vacilante fé. Jesus não repreendeu esta afirmação. Conhecer-se incapaz diante do autor da fé é o grande milagre da fé. Jesus então repreendeu o espírito e disse: “Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: sai dele e não entres mais nele.” O demónio reagiu mas logo saiu. O menino ficou como morto. Estava em paz. Só Jesus dá paz. Jesus soergueu-o. Tantas pessoas que não nos levantam, Jesus dá-nos a mão.

Já em casa, os discípulos perguntaram a Jesus porque é que não puderam expulsar aquele demónio. Jesus disse que aquela casta, aquele tipo de demónios, somente sai com pessoas que vivem na intimidade e na dependência de Deus. Valorizamos muito as actividades e eventos mas Jesus aqui realçou a necessidade de orar e jejuar. Dependemos de Deus em todos momentos. Mateus amplia a resposta de Jesus e esclarece que o problema dos discípulos foi a falta de fé (Mt 17:19-21). 


Quatro aplicações finais

1. Vivemos num mundo espiritual. Satanás e os demónios continuam a tentar destruir as pessoas. O diabo usa tudo o que pode para destruir vidas. Provoca doenças, males, vícios, pecados. O maior alvo do diabo é impedir que a pessoa creia em Jesus como seu Salvador e Senhor. 

2. Deus detesta a incredulidade. Aquilo que impediu os discípulos de curarem aquele rapaz foi a sua falta de fé em Deus. A incredulidade não é só a falta de fé para acreditar que Deus existe, é a desconfiança que quem Deus é e daquilo que Ele pode fazer. 

3. Sem oração não há poder espiritual. Não conseguimos viver a vida espiritual na nossa força. Sem oração tudo vai fracassar. Tudo se torna possível para aquele que crê e confia em Jesus que tem todo o poder.

4. Precisamos ir a Jesus e confiar nele. Jesus é o único Salvador. Deposita a tua fé em Jesus, porque Ele é quem que te pode salvar e libertar. “A fé vem pelo ouvir, e ouvir a palavra de Deus.” (Rm 10:17). Crê na poderosa Palavra de Deus. Crê em Jesus. Ele pode tudo.

quarta-feira, fevereiro 19, 2025

Os três nãos de Deus

Uma das vantagens de se ler livros que ainda não foram publicados em Portugal é comprar no formato ebook. O meu amigo Tiago Cavaco volta aos livros e, na sua deliciosa escrita agridoce, amplia um sermão seu: "Os três nãos de Deus". O livro é editado pela Editora Mundo Cristão e o prólogo e o primeiro capítulo já me convenceram.

Na meio de tantos "sins" a tudo e mais alguma coisa, é bom existir alguém a lembrar-nos que Deus também diz não. Três vezes.

"O que sossega os nossos corações não é uma materialização da presença de Deus mas uma segurança de que, guiados pelas promessas da sua palavra cumprida em Cristo, até na ausência somos por ele acompanhados — até nos nãos podemos ouvir um sim." 

- Tiago Cavaco, "Os três nãos de Deus: Porque apenas a graça basta", Editora Mundo Cristão, 2025.

terça-feira, fevereiro 11, 2025

O cristão pertence e vive para Cristo

"Um cristão é, literalmente, 'de Cristo', alguém que não apenas sofre uma vaga influência dos ensinamentos do cristianismo, mas transferiu para Jesus a sua lealdade mais básica. Os cristãos entendem a escolha do tipo 'tudo ou nada' que nos é imposta pela magnitude das alegações de Jesus."

In: KELLER, Timothy. A fé na era do cepticismo. São Paulo: Vida Nova, 2015, p. 258 [PT].

quarta-feira, fevereiro 05, 2025

A gloriosa transfiguração de Jesus

Jesus levou Pedro, Tiago e João para orarem num monte. Em diversas ocasiões, durante o seu ministério, Jesus chama este trio de discípulos para estar mais perto dele. Não compreendemos porque é que Jesus escolhe uns e outros não, mas aceitamos que O Senhor é soberano. Ele sabe bem o que faz e com quem quer fazer. Sempre.

No cimo desse monte Jesus transfigurou-se diante deles. As vestes de Jesus ficaram resplandecentes e mais brancas do que a neve. Por alguns instantes, o véu da humanidade de Jesus foi destapado e eles viram o esplendor da glória celestial do Senhor. Mateus diz que o rosto de Jesus resplandeceu como o sol. No Monte Sinai o rosto de Moisés resplandecia por ter estado na presença de Deus, aqui, o rosto de Jesus resplandecia porque Ele próprio era essa glória refulgente.

Entretanto, apareceram Elias e Moisés que falavam com Jesus. Lucas esclarece que eles falavam da morte de Jesus que estava prestes a acontecer em Jerusalém (Lc 9:30-31). Tanto Elias, representando os profetas, como Moisés representativo da Lei, compreendiam bem a missão do Messias. Alguns usam esta passagem para defenderem a comunicação com os mortos. Está escrito que os seres humanos morrem uma vez e a única coisa que os espera é o julgamento divino (Hb 9:27). Não foram os discípulos que conversam com Moisés e Elias foi Jesus. Ele é Senhor dos vivos e dos mortos e é o único que tem autoridade para falar a vivos e mortos. Não há possibilidade de os mortos retornarem, não há reencarnação e nem almas a pairar no ar. Vozes de antepassados, barulhos estranhos ou outras coisas semelhantes são produzidas por Satanás, por demónios ou, algumas vezes, por charlatões (2Co 11:14). 

Os discípulos adormeceram na oração e acordaram sobressaltados com aquela manifestação gloriosa de Jesus. Pedro, tomado pelo assombro e medo, fala sem saber bem o que dizia: “Mestre, bom é que nós estejamos aqui e façamos três cabanas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias.” O pânico faz as pessoas dizerem muitas tolices. Para quê fazer cabanas para Elias, Moisés e Jesus? A ideia de Jesus era continuar rumo à cruz, não fazer acampamento ali. Ao colocar Jesus no mesmo patamar de Moisés e de Elias, Pedro não compreendeu que O Senhor estava acima da Lei mosaica e de todos os profetas.

De repente, a sombra de uma nuvem cobriu os três apóstolos e saiu uma voz dela dizendo: “Este é o meu Filho amado; a ele ouvi” (Mc 9:7). Não era a primeira vez que o Pai falava audivelmente a propósito do Filho. No barulho das muitas vozes deste mundo, continua a ser imprescindível ouvirmos Jesus Cristo. Imediatamente Elias e Moisés desapareceram e ficou ali no monte somente Jesus com os três discípulos. 

Na descida, Jesus ordena que não divulgassem o que tinham visto até que Ele ressurgisse dos mortos. Uma vez mais, eles ficam sem entender o que era aquilo de ressuscitar dos mortos. Por vezes ficamos incomodados por existirem tantas pessoas que hoje não entendem que Jesus morreu e ressuscitou, mas até os discípulos que andavam com Ele não entenderam isso durante muito tempo. 

 

Algumas conclusões e aplicações

1. Cuidado com as experiências espirituais. É possível ter experiências gloriosas com Cristo e ao mesmo tempo, como Pedro, dizer e fazer coisas que não fazem sentido. As nossas experiências com Deus nunca devem ser colocadas acima da Palavra do Senhor. 

2. Jesus é a manifestação da glória divina. Jesus não apenas reflecte o brilho da glória de Deus, Ele é a real glória divina, porque Ele é Deus. Na Carta aos Hebreus lemos que Jesus é "o resplendor da Sua glória [de Deus] e a expressa imagem da Sua Pessoa" (Hb 1:3). Podes confiar em Jesus porque Ele é mais do que um líder, mais do que um profeta religioso, na transfiguração, fica claro que Ele é Deus cheio de glória.

3. Acima de todos, ouvir Jesus. Escutar e obedecer à voz de Jesus através da Sua Palavra e do Espírito Santo continua a ser primordial. Jesus é o centro da nossa fé e salvação. Tudo na Bíblia converge para Ele, e as nossas vidas também devem girar em torno de Sua Pessoa. A Ele deves ouvir.

"O que nos deve interessar não é o que os homens dizem, ou o que os ministros do evangelho afirmam, ou o que as igrejas asseveram, ou o que os concílios eclesiásticos declaram, mas, sim, o que Cristo diz. Ouçamos, pois, Jesus. Permaneçamos nele. Dependamos dele. Olhemos para ele. Ele, e somente ele, nunca nos decepcionará, nunca nos desapontará, nunca nos desencaminhará." - Ryle 

4. A transfiguração de Jesus dá-nos esperança. Os discípulos tiveram um vislumbre do Reino glorioso vindouro e gostaram tanto que queriam ficar ali. Ficaram tão impactados, que mais tarde Pedro, já entendendo melhor o alcance do que tinha visto, testemunhou: "nós mesmos vimos a sua majestade, porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido. E ouvimos esta voz dirigida do céu, estando nós com ele no monte santo." (2Pedro 1:16-18).

Que a presença gloriosa de Jesus continue a brilhar em nós e por nós.

quinta-feira, janeiro 30, 2025

O amigo Jesus nunca falha

"Quem é Jesus? É um amigo que não hesita. Ele persevera. O evangelho de João diz-nos que Jesus, estando na semana final de sua vida terrena, 'tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim' (Jo 13:1). Jesus prende-se ao seu povo. Não há uma data de expiração. Não há um fim no caminho. O nosso lado do compromisso fraquejará e tropeçará; o dele, porém, jamais."

In: ORTLUND, Dane Calvin. Santificação profunda. São Paulo: Fiel, 2022, p. 23 [PT].