quinta-feira, novembro 06, 2025

No dia das trevas brilhou a luz


"E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar." - Génesis 3:15. 

A serpente tentou Adão e Eva e eles sucumbiram. Mas no dia mais tenebroso da existência humana houve um raiar de luz e esperança. Deus podia ter destruído Adão e Eva de forma imediata, ao invés, providenciou um Salvador. Este versículo é chamado de protoevangelho porque é o primeiro sinal da intenção redentora de Deus. Por entre contendas, dores e feridas, erguer-se-ia o Homem nascido de mulher para ferir a Serpente. 

Não estava tudo perdido. No raiar do novo dia havia expectativa, esperança, salvação. Sangue seria derramado, porque sem derramamento de sangue não há remissão de pecados (Hb 9:22), mas o prenúncio do fim libertador estava dado. Entrou a guerra e a desordem neste mundo e Deus faria a paz e traria ordem a todas as coisas. 

As inimizades, as dores, as feridas, não nos devem surpreender, fazem parte da nossa natureza caída. A alegria, o livramento e a vitória estão garantidas para todo aquele que crê no Salvador que esmagou a cabeça da serpente.

quarta-feira, outubro 29, 2025

Chegar bem ao destino

Quando fazemos uma viagem gostamos de chegar ao destino planeado de forma segura. Se há uma vida eterna, e eu acredito plenamente que há, é fundamental entender como se pode chegar bem a esse destino eterno. 

As religiões e as filosofias têm muitas respostas. A Bíblia aponta um caminho. "Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim" (João 14:6). O melhor destino do ser humano não é um lugar, é uma Pessoa. É Cristo.

A eternidade, para o cristão, é a concretização plena da presença eterna com O Altíssimo Deus. Somos salvos para a comunhão e intimidade real com Deus, por intermédio de Jesus Cristo. Deus é o grande princípio e fim da nossa existência. Chegamos lá através da fé em Jesus. Crendo que Ele é o salvador e Senhor da nossa existência. 

Na versão parafraseada O Livro, a passagem bíblica de Colossenses 1:16 diz que foi através de Cristo que "Deus criou tudo o que há nos céus e sobre a Terra; tudo o que se vê e o que não se vê; até os governantes, as autoridades, os que têm o poder e a força. Tudo foi estabelecido por Cristo e para Cristo." Todas as coisas foram criadas por Cristo e para Cristo. O destino final do ser humano é Cristo. Começa aqui.

segunda-feira, agosto 18, 2025

Ser servido ou servir?


Marcos conta que Jesus vai à frente, decidido. Os seus discípulos vão atrás e estão intrigados e temerosos. Jesus resoluto, os discípulos com medo e apreensivos. Porque que os discípulos estavam apreensivos? Como estavam perto de Jerusalém, estariam com medo da crescente hostilidade dos líderes religiosos judeus? Teriam receio de sofrer e morrer com Jesus? Estariam cansados e confusos? Não sabemos ao certo.

Entretanto, Jesus chama os discípulos e começa a falar-lhes das coisas que estavam prestes a acontecer. O Filho do Homem iria ser entregue aos líderes religiosos, condenado à morte, vão cuspir nele, bater-lhe e matá-lo; mas passados três dias iria ressuscitar! Não era esta a primeira vez que Jesus falava da Sua morte e ressurreição. Anteriormente já O Senhor tinha predito a Sua entrega sacrificial. Esta é a terceira predição clara e detalhada da hora mais dolorosa que Jesus iria padecer. 

Enquanto Jesus falava dos seus sofrimentos e morte, Tiago e João aproximaram-se dele e fizeram um pedido: “Concede-nos que na tua glória nos assentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda." Este solicitação destes dois apóstolos é no mínimo chocante. Jesus a falar da sua hora mais escura e tenebrosa e eles preocupados em assegurarem os melhores lugares no céu? Não só ignoraram os sofrimentos de Jesus, como também a revelação da Sua ressurreição! Esta insensibilidade espiritual, por vezes, também é a nossa. Tantos cristãos insensíveis às necessidades dos outros; sem interesse em orar, ajudar, apoiar. Focados apenas na sua ambição e nos seus desejos egoístas.

Jesus alerta-os para a seriedade do que pediam e pergunta se podiam beber o cálice que Ele ia beber e ser baptizados com o baptismo que ia ser baptizado. O cálice e o baptismo falam dos sofrimentos de Cristo (Mc 14:36 e Lc 12:50). Os discípulos sem saberem bem o que diziam responderam que sim. A paixão de Cristo é única e distinta, mas os apóstolos também iriam sofrer muito. Tiago seria o primeiro deles a ser assassinado por Herodes Agripa I (At 12:1-2). João, talvez não tenha sido martirizado, mas sofreu muito por causa Cristo e do Evangelho, tendo sido desterrado para a ilha de Patmos. 

Jesus esclarece que quem reserva os lugares no céu é somente o Pai. Esses lugares não se conquistam, não são para os que “metem uma cunha a Jesus”, mas para aqueles que Deus escolheu. Os dez apóstolos ouvindo acerca da ambição de Tiago e João ficaram muito indignados. Provavelmente eles também tinham a mesma ambição egoísta de Tiago e João e receavam ficar com lugares menos importantes. Somos iguais! 

No seguimento deste diálogo, Jesus vai explicar como funciona a autoridade no Reino de Deus: o primeiro deve ser servo (literalmente: escravo!). Os líderes deste mundo julgam que ser líder é ser o número um, é ser autoritário, é exercer o poder com mão forte e dominadora. “Entre vós não será assim”, disse Jesus (Mc 10:43). Na igreja, quem quiser ser grande deve ser pequeno. Só aquele que serve está apto para governar. A grandeza no Reino de Deus está em servir a Deus e aos outros. Quem ama muito serve muito. Quem ama pouco, pouco ou nada serve.

Jesus dá exemplo da sua própria vida e missão. Esta passagem começou com a expressão “Filho do Homem” e termina com o “Filho do Homem”. Este título revela a condição humana de servo que Jesus escolher ser. Sendo Deus, “achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2:8). Sendo O Senhor de tudo e de todos, Cristo escolheu uma vida de serviço com o propósito de dar a sua vida em resgaste de muitos (Mc 10:45). Estávamos condenados a ficar separados de Deus por toda a eternidade, mas graças ao Senhor Jesus que deu a sua vida em resgate da nossa. A sua morte e ressurreição são a nossa salvação. 


APLICAÇÕES FINAIS 

1. Jesus é o Servo perfeito. Ele viveu uma vida de serviço, morreu e ressuscitou para nos salvar. Ao contrário de tantos líderes religiosos, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para nos salvar. Se ainda não tens a certeza da salvação, que hoje possas receber Jesus Cristo! 

2. A motivação do serviço cristão deve ser o amor e a humildade, não o elogio humano. Bob Dylan canta que todos estamos a servir alguém. Podemos estar a servir a nós próprios, aos outros, ao diabo, ao Senhor. Todos são servos daquele a quem servem. Sigamos o exemplo de Cristo que serviu sem buscar glória terrena. Se O Senhor Jesus viveu uma vida de Servo, quem somos nós para vivermos como senhores?

3. Servir a Deus e aos outros tem um custo. Implica oração, renúncia, trabalho, provoca cansaço, causa oposição e muitas críticas. Mas também dá alegria plena, paz interior, propósito e a há a promessa de recompensas eternas. 

Ninguém é salvo POR servir a Deus, somos salvos PARA servir a Deus. Esta é uma das grandes diferenças entre um católico romano e um protestante. Não servimos a Deus na igreja e fora da igreja para conquistar a salvação, é porque estamos salvos pela graça de Deus, que servimos dessa forma.

Se já te consideras cristão, estás apenas a ser servido ou estás tu servir?

segunda-feira, agosto 04, 2025

Ler a Bíblia e orar todos os dias

"Mesmo alguns minutos de leitura da Bíblia, onde você contempla a glória do Senhor, e alguns minutos de oração, onde você abre seu coração para Ele, têm o poder de transformar o seu dia." 

- Paul Tripp

quinta-feira, julho 24, 2025

Estás a confiar em quem?


Um jovem rico ajoelha-se diante de Jesus e pergunta: "Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?" Jesus diz-lhe: "Por que me chamas bom? Ninguém há bom senão um, que é Deus." Jesus questiona a pergunta do jovem não porque não era bom, mas para despertar a consciência dele. Aquele jovem desconhecia que Jesus era mais do que um bom Mestre. Diante daquele jovem estava O próprio Deus encarnado e O Salvador.

Jesus acrescentou que ele devia guardar os mandamentos. Na sua presunção, o jovem respondeu que fazia isso desde pequeno. O Senhor olhou para ele com olhos de amor e compaixão e disse que lhe faltava uma coisa - vender tudo quanto tinha, dar aos pobres e seguir Jesus. Contrariado, o jovem retirou-se triste porque possuía muitas propriedades.

O jovem rico não seguiu Jesus.  Desprezou Jesus, perdeu a vida eterna. Ganhou este mundo, perdeu a eternidade. Preferiu ir para o inferno do que largar os seus bens. O jovem rico tornou-se o mais pobre de todos os pobres. Ganhou este mundo, perdeu o outro. 

Então, Jesus, olhando agora para os seus discípulos exclamou: "Quão dificilmente entrarão no Reino de Deus os que têm riquezas!" Isto não significa que os ricos não podem ser salvos ou que só os pobres é que podem entrar no Reino de Deus. Nada disso. O grande alvo de Jesus não é melhorar a vida de pessoas na terra, é levá-las ao céu. Jesus está a afirmar que os que têm riquezas têm uma dificuldade ainda maior para entrar no Reino celestial. 

Os discípulos admiraram-se muito com aquelas palavras de Jesus. Porquê? Os judeus acreditavam que a prosperidade era um sinal do favor divino e que um homem próspero era um homem que merecia o Reino de Deus. Hoje alguns evangélicos ainda acreditam nisso. Jesus explica melhor: “Filhos, quão difícil é, para os que confiam nas riquezas, entrar no Reino de Deus!” O problema não estava em ter riquezas, mas em depositar a confiança nas riquezas. Ao contrário do que os judeus pensavam, as riquezas não facilitam a entrada no reino de Deus. Dificultam ainda mais! Os que confiam nas riquezas fazem do dinheiro o seu deus (Mamom) e por isso não confiam no verdadeiro Deus.

Para ilustrar esta impossibilidade de alguém que confia nas riquezas ser salvo, Jesus diz “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino de Deus.” Alguns dizem que a agulha era uma porta pequena que existia na muralha em Jerusalém e que os camelos tinham dificuldade em passar. Mas isto é uma lenda inventada no século IX. A maioria dos estudiosos rejeita essa explicação, porque não há evidência histórica ou arqueológica de que existisse tal porta em Jerusalém. Jesus usa esta hipérbole para reforçar a impossibilidade de um pecador alcançar a salvação por si próprio.

Os discípulos de Jesus, ainda ficaram mais intrigados: “Quem poderá, pois, salvar-se?” Jesus olhou para eles e respondeu: “Para os homens é impossível, mas não para Deus, porque para Deus todas as coisas são possíveis.” A conversão de um pecador é uma obra sobrenatural de Deus. É milagre do Espírito Santo. Ninguém pode salvar-se a si mesmo. Ninguém pode nascer de novo por si mesmo. Sim, a salvação é impossível para o homem, mas louvado seja o Senhor, porque para Deus, todas as coisas são possíveis. A graça de Deus pode alcançar e salvar o pior dos pecadores! Deus até pode salvar um bilionário idólatra que se arrependa e creia que Jesus Cristo é o único Salvador e Senhor. 

Considerando estas palavras de Jesus, Pedro pergunta: “Eis que nós tudo deixamos e te seguimos, o que receberemos?” (Mt 19:27). O jovem rico não seguiu Jesus, mas o que dizer daqueles que largam tudo e seguem Jesus como os doze Apóstolos e outros discípulos? O Senhor prometeu que esses receberão cem vezes mais do que tinham. A promessa é presente e futura. Mas também enfrentarão “perseguições”. Conforme disse Paulo a Timóteo: "Todos aqueles que querem viver uma vida dedicada a Cristo Jesus serão perseguidos" (2Tm 3:12 - VFL). Mas a maior de todas as dádivas, é que o seguidor de Jesus receberá no século vindouro a vida eterna, por causa da graça de Deus.

“Muitos primeiros serão derradeiros, e muitos derradeiros serão primeiros”, conclui Jesus. No Reino de Deus a lógica é diferente: muitos que são ricos e poderosos neste mundo serão desprezados, e muitos que são ignorados e nada tiveram aqui, serão primeiros no Reino de Deus. Aqueles que parecem ser os “primeiros” - os ricos, poderosos, religiosos de aparência, influentes - ficarão excluídos e desprezados por Deus. E os “últimos” - os pecadores arrependidos, os cristãos que por vezes são desprezados e ignorados por todos - serão elevados e colocados em lugares de honra. 


QUATRO APLICAÇÕES 

1. Confiar nas riquezas é uma loucura. Jesus contou uma história, em Lucas 12 de um homem rico que teve uma colheita farta e armazenou tudo em celeiros novos. Ele disse a si mesmo: “Armazenaste o bastante para os anos futuros, agora, repousa, come, bebe e diverte-te!”  Mas Deus disse-lhe: “Louco! Esta noite te pedirão a tua alma e o que preparaste, para quem será?” As riquezas são incertas, passageiras e incapazes de salvar a alma. Não garantem o futuro, nem protegem da morte e do juízo eterno. Pv 11:28 diz “Aquele que confia nas suas riquezas cairá.” Confiar nas riquezas é a grande loucura desta vida, porque quem confia nas riquezas não pode confiar em Deus. 

2. Confiar em Deus é melhor do que as maiores riquezas desta vida. Ao contrário do dinheiro e das riquezas, Deus é eterno, poderoso, dá segurança real e vida eterna. “Fujam do amor ao dinheiro; contentem-se com o que têm, porque Deus disse: ‘Não te deixarei, nem te abandonarei.’” Hb 13:5 [OL].

3. É impossível ao homem salvar-se a si mesmo. “Para os homens é impossível, mas não para Deus, porque para Deus todas as coisas são possíveis.” A salvação é algo sobrenatural que transcende o esforço humano. Só Deus, através da sua graça, nos pode dar fé para crer na salvação de Jesus. 

4. Seguir Jesus Cristo compensa. Quem deixa tudo por amor a Cristo será recompensado, nesta vida e na eterna. O objectivo do discipulado não é receber recompensa. Não servimos a Deus por aquilo que Ele dá, mas por quem Ele é. 


A grande pergunta a que tens que responder é: Em quem estás tu a confiar?

quinta-feira, julho 17, 2025

É bom desconfiar das nossas certezas

 
Desconfiar das nossas certezas é coisa sábia. Quem está irredutível nas suas próprias firmezas aprende pouco. Partir do pressuposto que se pode estar errado é um passo certo na direcção do crescimento espiritual. Em todas as histórias, circunstâncias, interpretações, há sempre coisas encobertas que não conhecemos.

Veja-se por exemplo a história de Jó. Nem ele, nem a mulher, nem os amigos estavam conscientes da trama espiritual que estava a acontecer. Alguns tinham muitas certezas, mas estavam errados. Presumir que se sabe tudo é um pecado grave, porque é uma forma de se fazer igual a Deus. Só O Senhor tudo sabe e tudo pode. Ele está sempre certo. É melhor confiar em Deus e desconfiar das nossas certezas.

Depois de Deus falar, Jó concluiu: "Sei bem que podes todas as coisas e que nenhum dos teus propósitos pode ser frustrado. Perguntaste quem foi que tão loucamente desacreditou a tua providência. Fui eu; falei de coisas que ignorava, de que nada sabia; coisas demasiado maravilhosas para a minha compreensão." - Jó 42:3-5 (versão O Livro).

segunda-feira, junho 30, 2025

Duas grandes verdades

"A verdade de que somos pecadores está dolorosamente connosco para humilhar-nos e fazer-nos vigilantes; a mais abençoada verdade, de que todo aquele que crê no Senhor Jesus será salvo, permanece connosco como a nossa esperança e alegria." 

- Charles H. Spurgeon