as mãos e os olhos que te dei;
amor exacto, vivo, desenhado
a fogo, onde eu próprio me queimei;
amor que me destrói e destruiu
a fria arquitectura desta tarde
– só a ti canto, que nem eu já sei
outra forma de ser e de encontrar-me.
Só a ti canto que não há razão
para que o frio que me queima os olhos
me trespasse e me suba ao coração;
só a ti canto, que não há desastre
de onde não posso ainda erguer-me
para encontrar de novo a tua face.
Eugénio de Andrade (1923-2005)
Poesia, Assírio & Alvim
centenarioeugeniodeandrade.pt.
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