terça-feira, outubro 25, 2022

Missão a dois


Marcos conta que Jesus chamou os seus doze Apóstolos e os enviou dois a dois para pregarem o  Evangelho. Já anteriormente os tinha chamado, ensinado e agora ia enviá-los em missão. Eles aprenderam a teoria e viram a prática. A preparação teológica e prática é essencial. Muitos erros seriam evitados se os líderes e os crentes das nossas igrejas tivessem sido preparados de forma adequada. Somos chamados por Jesus, não só para a salvação, mas também para a missão de partilhar essa salvação.
 
Jesus enviou-os “de dois a dois.” Marcos é o único que refere este facto. Este curioso detalhe sublinha a importância do companheirismo na vida cristã. Este duplo testemunho iria reforçar a verdade da mensagem, porque a Lei dizia que pela boca de duas ou três testemunhas a palavra seria confirmada (Dt 17:6; 19:15). “Dois é melhor do que um, pois trabalhar unidos é melhor para ambos. Se um cair, o outro o levanta.” diz o sábio Salomão (Ec 4:9,10 - Versão Fácil de Ler). Amizade, casamento, Igreja implicam companheirismo, parceria, apoio mútuo e amparo fraternal.

“Deu-lhes poder sobre os espíritos imundos” (Mc 6:7). Esta autoridade que Jesus deu aos Apóstolos seria uma das marcas do poder de Jesus. Aquilo que Jesus tinha feito sozinho iria ser agora reproduzido e amplificado pelos Apóstolos. O Evangelho não é uma mensagem de auto-ajuda ou de convencimento humano é “a demonstração do Espírito e de poder” (1Co 2:4). É o poder de Deus para salvação de todo o que crê (Rm 1:16). 

Os Apóstolos nesta missão a dois não deveriam levar grandes adereços, roupas ou dinheiro. Iriam desprendidos de coisas materiais. O facto de levaram quase nada nesta viagem missionária é porque eles deviam depender do cuidado e da provisão de Deus. O princípio que ressalta aqui é que os obreiros, e todos os cristãos, devem viver com simplicidade, dependendo de Deus em todas as circunstâncias. 

A hospitalidade era comum no Oriente. Ter comida para oferecer aos viajantes e um espaço para descansar era habitual e uma forma de abençoar e de ser abençoado. Hoje os tempos são outros, mas a Bíblia diz que devemos continuar a praticar a hospitalidade e a não nos esquecermos dela (Rm 12:13; Hb 13:2). Se alguém não os quisesse receber e nem ouvir, os Apóstolos deveriam sacudir o pó com os pés e ir para outra localidade. Este gesto testemunhava contra eles considerando aquela terra como terra pagã. Paulo e Barnabé mais tarde fizeram isso em Antioquia da Pisídia (At 13:51) Não devemos perder muito tempo com pessoas que são hostis a Cristo e rejeitam a Sua mensagem.

E a mensagem que eles deviam pregar era a de arrependimento de pecados. Era a mesma mensagem dos profetas antigos, de João Baptista, de Jesus, dos Apóstolos e da Igreja. A mesma mensagem para todos, crentes e descrentes. Para todos. Uma das características do crente é arrepender-se quando falha. O Apóstolo Paulo disse em Atenas que “Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam.” (At 17:30).  

John Stott escreveu que a "'Missão' envolve a Igreja, o Evangelho e o mundo. No entanto, não é a Igreja declamando o Evangelho de cima dos telhados para um mundo distante, surdo e desatento; é a Igreja saindo para o mundo com o Evangelho, infiltrando-se no mundo, identificando-se com o mundo, a fim de compartilhar o Evangelho com o mundo." O mundo aqui é o lugar onde estamos a estudar, a trabalhar, são os nossos conhecidos e amigos. É com eles que precisamos ser intencionalmente missionários, falando de Cristo e do seu propósito. 

Jesus continua a lembrar a todos os cristãos que a missão é urgente: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for baptizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado.” - Mc 16:15,16. 

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