“Pareces uma vaca gorda”, sentenciei. As crianças riam contentes. Já no passeio, soltei a correia e libertei-o. A minha sogra gritou aterrorizada e fugiu para casa. Todos os cães deviam ser livres de correias. E as pessoas também. Acredito na liberdade verdadeira, na liberdade do Filho. Mas o Beny já aprendeu a lição à muito tempo atrás. Nunca mais fugiria para a rua. As dores passadas podem ajudar-nos a caminhar melhor.
A cada metro, parava, alçava a perna ou aninhava-se. Por vezes tentava fazer as duas coisas ao mesmo tempo e quase tombava. Farejou e marcou todos os cantos, esquinas e rodas dos carros estacionados que passámos. Demos algumas corridas, puxando por ele para que corresse, mas o peso, a idade e as rodas dos carros não deixavam.
Quase no final, e depois de muitos agachamentos e pernas alçadas chamei o Beny. Mandei-o sentar e ele obedeceu prontamente. Curvei-me aproximando a minha cara da dele. Olhou para mim com aqueles olhos negros, a língua de fora, e sorrindo ofegante, parecia querer dizer: “Obrigado pelo passeio, tenho muitas saudades vossas!”
“Nós também Beny.”
“Até parece mais magro”, disse a Rute.
E estávamos.
6 comentários:
Então que tal levar o Beny a passear todos os dias? Fazia bem ao cãozinho e aos donos pra perderem uns kilitos.
E receber um ar de agradecimento como esse, vale sempre a pena! Quem não gosta de receber?
:D
Eu confesso que não sei o que ter um bicho de estimação, mas pareceu-me bem interessante pelo teu relato.
Abraços.
Viva a liberdade!
Soltem o Beny Baboo, sempre que puderem! Senão, um dia destes ele vai perguntar-vos: 'de que valeu aprender a lição?' LOL.
Sou também a fovor da liberdade verdadeira - liberdade que aqueles que conhecem o FILHO podem tão bem expressar.
Belo post.
Bjs.
Tb vou ter que arranjar um Beny
Adorei este "relato" e o teu sentido de humor! :)
Obrigada Anna,
O Beny morreu, mas o melhor mesmo é guardarmos estas coisas boas que ele nos faz lembrar.
(Confesso que eu também me ri quando reli isto)
Enviar um comentário