Jesus é admiravelmente singular. A singularidade de Jesus
significa que Ele é único e absolutamente incomparável. Não há ninguém igual a
Jesus ou que se equipare a Ele. Há muitas concepções erradas acerca de Cristo.
Alguns dizem que Jesus foi apenas um bom mestre. Outros alegam que é um anjo,
um espírito, um deus. Muitos pensam que foi um mártir e que está morto. No
entanto, se alguém quer ter uma compreensão exacta de Cristo tem que ir às
fontes certas e seguras - as Escrituras Sagradas. Jerónimo, o patriarca da
igreja do século IV e V, escreveu: “ignorar
as Escrituras é ignorar Cristo”1.
Jesus tem atributos inigualáveis. Um dos aspectos distintivos de Jesus é que Ele é Deus. A Bíblia revela que só há um Deus, coexistente em três Pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo (Mt 3:16,17; Mt 28:19; 2Co 13:13). O Pai é Deus, Jesus é Deus, O Espírito Santo é Deus. Não são três deuses, é um só Deus, manifesto em três Pessoas da mesma substância, iguais em poder e glória. Neste artigo, proponho meditarmos na singularidade de Jesus Cristo como Deus.
No Antigo Testamento, Isaías tinha profetizado que uma virgem iria dar à luz um filho e que o seu nome seria Emanuel, que significa “Deus connosco” (Is 7:14; Mt 1:23). O nome de Jesus reverbera a presença divina. A encarnação de Jesus é a materialização do Deus que vem para ficar connosco. O melhor presente do Natal é Deus a tornar-se presente entre nós. Em Hebreus 1:3 é dito que O Filho é o resplendor da glória divina e a expressão exacta do seu Ser. Deus mostrou-se em Cristo. O próprio Pai diz do Filho: “Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, ceptro de equidade é o ceptro do teu reino” (Hb 1:8). Os hebreus precisavam admitir que Jesus é Deus e Rei. Essa constatação continua a ser necessária no mundo pós-moderno de hoje. Não chega aceitar que Deus se fez presente em Cristo, é necessário recebê-lo pela fé e sujeitar-se à sua soberania.
No evangelho de João (e nas suas Cartas), a divindade de Jesus é uma ênfase constante. “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” (Jo 1:1). Este Verbo divino fez-se carne e habitou entre nós (Jo 1:14). No capítulo três, Jesus baralha o mestre Nicodemos ao afirmar que desceu do céu e ao mesmo tempo continua no céu (Jo 3:13). Somente Deus pode estar em dois lugares simultaneamente. Mais à frente no relato joanino, os religiosos judaicos ficam furiosos quando Jesus diz: “antes que Abraão existisse ‘EU SOU’” (Jo 8:58-59). Com estas palavras, Jesus vincula-se ao nome de Deus revelado a Moisés, o “EU SOU” (Êxodo 3:13-14) e assume de forma inequívoca a sua natureza eterna e divina.
Em João 10:30 Jesus proclama: “Eu e o Pai somos um.” Os judeus enfurecidos tentam apedrejá-lo acusando-o que se estava a fazer de Deus. E de facto estava, Jesus é Deus. Na sua primeira Carta, João testifica “que o Filho de Deus é vindo e nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em seu Filho, Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1Jo 5:20). O apóstolo João não tinha dúvidas que Jesus é o verdadeiro Deus. Que ninguém ao ler estas linhas fique indiferente ao verdadeiro Deus Jesus, mas creia nele.
A Bíblia tem ironias curiosas. Uma das declarações mais claras acerca da divindade de Jesus foi proferida pelo mais céptico dos doze apóstolos de Jesus - o apóstolo Tomé. Quando Jesus ressuscitou, apareceu aos seus discípulos, mas Tomé não estava presente nessa aparição de Jesus (Jo 20:24-28). Quando lhe contaram que viram O Senhor ressurrecto, Tomé disse que só acreditaria se visse as marcas da crucificação de Jesus. Tomé é o pai da expressão “ver para crer”, tantas vezes usada hoje, que é apenas uma desculpa esfarrapada para justificar a teimosia de descrer perante os factos. Passados oito dias, O Senhor rompeu as paredes e fez-se presente - Jesus é Deus omnipresente! Voltando-se para Tomé desafiou-o: “Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente.” Jesus respondeu às indagações de Tomé sem estar presente quando ele as proferiu. Jesus sabe todas as coisas, porque também é Deus omnisciente!
Diante das evidências do poder divino do Jesus ressurrecto, Tomé
gritou: “Senhor meu, Deus meu” (Jo 20:28). Jesus aceitou essa
declaração, porque na verdade é Deus e Senhor! “Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e
creram!” disse Jesus. Mais felizes são os que crêem sem ver. Tomé creu na
ressurreição de Jesus e declarou a divindade e o Senhorio de Cristo. Era
necessário restaurar a fé do apóstolo relutante. Ele também seria um dos
fundamentos da Igreja (Ef 2:20). Gregório Magno, no século VI, disse que “a incredulidade de Tomé foi mais
proveitosa para nossa fé do que a fé dos discípulos que acreditaram, porque,
decidindo aquele apalpar para crer, nossa alma se afirma na fé, descartando
toda dúvida.”2 A
terrível descrença de Tomé acabou por resultar no testemunho claro e inequívoco
da divindade de Jesus.
O vocábulo grego “THEÓS” é a palavra mais usada para descrever Deus no Novo Testamento. Ela surge em sete passagens para se referir a Jesus: Jo 1:1; 1:18; 20:28; Rm 9:5; Tt 2:13; Hb 1:8; 2Pe 1:1. Não há dúvidas, Jesus é Deus. Além disso, no seu ministério terreno, em diversas ocasiões, Jesus recebeu e aceitou adoração (Mt 2:11; 14:33; 28:9,17; Lc 24:52; Jo 9:38). Se Jesus não fosse Deus, teria dito a essas pessoas para não O adorarem, porque somente Deus deve ser adorado (Dt 6:13; Lc 4:8; At 10:25-26; Ap 22:8-9).
Sim, só há um Deus e um mediador entre Deus e os homens –
Jesus Cristo, homem (1Tm 2:5). O facto de Jesus ser Deus reforça de forma
eterna as suas palavras e obra. Jesus veio a este mundo não só para manifestar
a sua divindade, mas também, como homem, para morrer pelos nossos pecados. Crer
em Jesus é confiar em Deus. Quem deposita a fé e esperança em Cristo é salvo. O
Deus Jesus fez-se presente no passado, faz-se presente no presente e
manifestar-se-á de forma gloriosa em breve, quando vier buscar a Sua Igreja.
Conforme John Piper relembra: “Nós, os
cristãos, não estamos a aguardar a chegada de um simples homem, mas a ‘gloriosa
manifestação do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo’ (Tt 2:13; 2Pe 1:1).”3.
Como não adorar, servir e amar o nosso Salvador Jesus Cristo, O grande Deus presente?
Jorge Oliveira
(Artigo publicado na edição nº 188, Julho 2024 , na Revista Refrigério)
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1. JERÓNIMO, Presbítero. Prólogo ao Comentário Sobre o Profeta Isaías.
2. GREGÓRIO MAGNO. Homiliæ in Evangelia. L.II, hom.6 [XXVI], n.7. In: Obras. Madrid: BAC, 1958, p.665.
3. PIPER, John. Um Homem chamado Jesus Cristo. Editora Vida, 2005, p.28.
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