terça-feira, julho 05, 2022

Contentamento

 

Paulo termina a Carta aos Filipenses com o coração a transbordar de alegria. Como é que é possível alguém estar preso injustamente e mesmo assim estar tão contente? Serão os cristãos masoquistas? Claro que não. A Carta da alegria serve para reforçar a lembrança de que Deus se faz presente no meio das nossas lutas e tribulações.

Paulo tinha aprendido a estar alegre e a contentar-se com o que tinha. Sabia ter muito e a ter pouco. A comer o suficiente e a passar fome. Contentamento com o que se tem e em satisfazer os outros. Parece que hoje ninguém se contenta com nada. Vivemos tempos abastados e poucos estão satisfeitos com o muito que têm. Claro que este contentamento não é um convite à indolência ou preguiça, mas a trabalhar mais e mais, descansando por saber que Deus está connosco. "Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele [Deus] disse: Não te deixarei, nem te desampararei.” -  Hebreus 13:5.

É um contentamento que depende do Senhor e da Sua poderosa presença: "Posso todas as coisas naquele [em Cristo] que me fortalece” Fp 4:13. Que grande poder! Mas muitos interpretam este versículo de forma errada, como se Deus nos desse uma varinha mágica para fazermos tudo o que desejamos. Outra noção errada é supor que temos que suportar todas as coisas na nossa força e poder. Nada disso. O segredo deste poderosa força está na constante dependência do poder e da presença de Jesus Cristo em nós. É na medida em que confiamos mais no poder de Deus que mais contentes e alegres ficamos. 

“Todavia… Fizeste bem em tomar parte da minha aflição” Fp 4:14. Sim, devemos confiar no Senhor e contentar-nos com o que temos, mas também é a nossa obrigação ajudar quem precisa. O cristão não fica indiferente à aflição do seu próximo. Paulo desabafa que só a Igreja em Filipos o ajudou. Infelizmente há muita insensibilidade e ingratidão de alguns crentes com relação à obra de Deus. A verdade é que Deus supre e recompensa sempre quem abençoe e contribui.


Paulo encerra a Carta da mesma maneira com que começou, com "a graça de nosso Senhor Jesus Cristo" (Fp 4:23; 1:2). Precisamos da graça de Deus em todos os momentos da nossa vida. E a graça manifesta em Jesus Cristo devia bastar-nos. Teresa de Ávila (séc. XVI) disse que  "quem a Deus tem, nada lhe falta. Só Deus basta". Se na tua vida a graça de Deus te basta, Nada na tua vida te falta. Que o grande contentamento da nossa vida esteja na maravilhosa graça de Deus. Amém.

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