domingo, agosto 15, 2021

Luz que alumia


O capítulo 4 de Marcos tem 4 parábolas. A temática geral destas histórias é o Reino de Deus. A primeira parábola é a do Semeador, a  seguinte é a parábola da candeia. A ideia central da segunda é a mesma da primeira: não há salvação e nem crescimento espiritual sem ouvir e receber a semente santa que é a Palavra de Deus. Não há vida espiritual sem a Palavra da vida! 

A candeia era uma espécie de lamparina, um pequeno vaso de barro com um pavio embebido em óleo que ao arder iluminava. Esta lamparina devia ser colocada no alto, no velador, para assim iluminar todo o aposento. Cada coisa deve estar no lugar certo para o qual foi criada. A luz tem um sítio próprio para estar, se estiver num lugar errado para nada serve. 

Podemos dizer que esta luz, tendo em conta o contexto é a Palavra de Deus, o conhecimento da verdade e a revelação de quem Jesus é: “Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.” (João 9:5). Jesus também afirmou em Mateus 5:14 que os seus discípulos são “a luz do mundo” porque têm Jesus. Como Cristo já saiu fisicamente deste mundo, Ele quer que os seus discípulos iluminem este mundo tenebroso. 

Como podemos fazer isso? Iluminamos este mundo quando vivemos de facto a Palavra de Jesus. Quando evidenciamos o amor de Deus que está em nós. Quando praticamos boas obras: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5:16). A luz espiritual não é apenas para benefício pessoal, é para ser espalhada e conhecida por todos. Aquele que já foi iluminado deve iluminar. 

Em Marcos 4:22 lemos que o que estava encoberto será conhecido. O que é que estava encoberto? A identidade do Messias, o seu plano redentor, a Igreja e o seu propósito ainda estavam meio toldados, mas viria o tempo em que tudo seria desvelado. Os mistérios do Reino de Deus que eram agora sussurrados aos ouvidos dos discípulos iriam em breve ser conhecidos e pregados em todo o lugar: “O que vos digo em trevas, dizei-o em luz; e o que escutais ao ouvido, pregai- o sobre os telhados.” (Mt 10.27). A verdade do Evangelho agora não é para ficar escondida, antes deve tornar-se plenamente conhecida. 

Os versos 24 e 25 da parábola da candeia parecem outra parábola. Não são fáceis de entender e nem fáceis de explicar. Numa versão parafraseada, a Bíblia Fácil de Ler (VFL), traduz o v.24: “Prestem muita atenção a tudo o que vocês ouvem, pois quanto mais atenção vocês tiverem, mais entendimento vocês terão. E além disso, Deus ainda irá dar-vos mais entendimento.” Podemos dizer que quanto mais ouvimos a Palavra de Deus, melhor a compreendemos e mais capazes seremos de compartilhá-la com as outras pessoas.

O v.25 aponta para a graça divina. Tudo quanto temos e somos é somente por causa da graça de Deus. O arrependimento, a fé, a salvação, a santidade, a saúde, os bens, são dádivas da graça divina. O mérito é do Senhor, mas não há crescimento espiritual sem diligência. Se não orarmos, se não meditarmos na Palavra, se não testemunharmos, se não congregarmos na igreja local, não há progresso espiritual e não cresceremos na graça. Negligenciar a luz da Palavra de Deus é ficar em trevas espirituais. Buscar mais a luz é ser ainda mais iluminado.

Quem deseja crescer na graça de Deus tem que já estar na graça, porque quem ainda não tem a graça de Deus está desgraçado. Alguns crentes que já foram iluminados com a luz do evangelho estão a esconder essa luz. Talvez por falta de coragem, por medo, por falta de convicções reais, por causa do pecado.

“É dever da Igreja em cada geração, de cada pastor e de cada cristão assumir essa lâmpada, lançar o cesto de lado e colocar a luz em um lugar de destaque, onde as pessoas podem contemplar a verdade de Deus e do Seu Filho” afirmou R.C. Sproul. A verdade central da parábola da candeia é que a luz da Palavra tem que estar colocada no coração e deve estar a iluminar todos os que nos cercam.

“Lâmpada para os meus pés é tua palavra e luz para o meu caminho.” (Salmo 119:105).

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