O pecado imperdoável

Depois de ter escolhido os seus doze Apóstolos, Jesus vai agora enfrentar graves acusações, quer da parte dos líderes judaicos como também dos seus próprios familiares. Quando vivemos o Evangelho de maneira séria vamos enfrentar sempre oposição e críticas, por vezes, daqueles que nos são mais próximos. 

O Evangelho de Marcos conta que os Escribas vieram de Jerusalém para acusar Jesus, dizendo que ele expulsava os demónios das pessoas porque estava possesso pelo maioral dos demónios – Belzebu. Ora Belzebu, ou “senhor das moscas”, era considerado o chefe dos demónios, ou seja Satanás (Mc 3:26). Conhecendo estas acusações, Jesus perguntou-lhes: “Como pode Satanás expulsar Satanás?” (v.23). Como é que as curas, os milagres e o bem que Jesus fazia às pessoas podia ser causado por alguém que só engana, escraviza e faz mal? 

Se Jesus estivesse possesso por Satanás, como eles insinuavam, ao libertar as pessoas com o maligno estava a destruir o próprio reino maligno. Seria o mesmo que um jogador marcasse golos na sua própria baliza. Ou o absurdo de um soldado matar os seus companheiros em plena guerra. "Como é que um reino pode subsistir se estiver dividido entre si? Ou como é que uma casa em ruínas pode ficar firme e não cair?" Pergunta Jesus. Os religiosos judaicos ao atribuírem o poder que Jesus tinha para operar milagres a Satanás estavam a blasfemar contra o Espírito Santo. 

Blasfemar é insultar o sagrado, é rejeitar, negar e opor-se a Deus. Louis Berkhof na sua Teologia Sistemática esclarece que o pecado contra o Espírito Santo, “consiste na rejeição e calúnia consciente, maldosa e voluntária, e isso contra as evidências e respectiva convicção do testemunho do Espírito Santo a respeito da graça de Deus em Cristo, atribuindo-o, por ódio ou inimizade, ao príncipe das trevas.” Essa blasfémia é um acto consumado por palavras, mas é fruto de um coração impenitente que resiste à obra do Espírito Santo. Todos os pecados podem ser perdoados, menos o pecado de blasfemar contra o Espírito.

O que dizer dos crentes que pensam ter cometido este pecado? Como este pecado não tem arrependimento, se um crente julga ter comido este pecado e está arrependido e clama por perdão a Deus, pode estar certo que não o cometeu. Ou seja, a blasfémia contra o Espírito Santo, mais do que um pecado específico, é uma oposição continuada contra a graça de Deus que procura alcançar o homem através do Espírito Santo. É o pecado imperdoável de não crer em Jesus! Envolve palavras mas é mais do que isso, é uma atitude maligna. É mais o sintoma da condição pecaminosa interior do que um só pecado.

Entretanto, os irmãos, as irmãs e a mãe de Jesus, provavelmente por terem ouvido das controvérsias de Jesus com os religiosos judaicos, foram a Cafarnaum para o prender, porque diziam: "está fora de si" (Mc 3:21). Tentaram furar por entre a multidão para buscá-lo mas não conseguiram e então mandaram-no chamar. Jesus perguntou aos que estavam na casa: “Quem é minha mãe e os meus irmãos?” (Mc 3:33).Não há nestas palavras desrespeito com a família terrena de Jesus, que sempre amou. O Senhor está aqui a enfatizar que nem a sua família terrena pode impedir o avanço do seu ministério. Os próprios familiares de Jesus precisavam seguir e obedecer a Jesus. Não é por termos nascido num lar cristão que somos cristãos, todos precisamos render-nos a Cristo e obedecer-lhe. 

Jesus também está a ensinar que só pertence à Sua família quem faz a vontade de Deus (v.35). Pertencemos à família de Jesus pela fé nele e para fazermos a vontade de Deus todos os dias da nossa vida. O maligno divide, confunde e escraviza as pessoas; Jesus salva, liberta e une os seus filhos. O diabo é astuto e valente, mas Jesus é maior, é O Todo-poderoso que domina e vence Satanás. A forma de alguém ter a certeza de não cometer o pecado imperdoável é arrepender-se dos pecados e receber Jesus Cristo como seu salvador e libertador. Não somos salvos pela obediência, mas evidenciamos que somos filhos de Deus por fazemos a vontade do Senhor. Que Ele nos ajude.