domingo, janeiro 10, 2021

Tempo de recomeçar a reedificar

Se Génesis é o livro dos começos, podemos dizer que Esdras é um livro de recomeços. É um livro de esperança. Depois de tanta opressão, tristeza e devastação era o tempo para recomeçar. Este livro narra o regresso dos israelitas do cativeiro de cerca de setenta anos na Babilónia para a sua terra, para a reconstrução do templo. 

Lemos em Esdras 1:1  que "O SENHOR despertou o espírito de Ciro", o rei pagão da Pérsia, para ajudar a reedificar o templo em Jerusalém. Podemos pensar que Deus só actua nos crentes, mas Deus também usa os ímpios para o cumprimento dos seus propósitos. Pv 21:1 diz que “O coração do rei está na mão do Senhor.” Em 1879 foi encontrado um rolo, apelidado de Cilindro de Ciro, onde se lê a ordem de Ciro para que os deportados voltassem às suas terras com os seus artefactos religiosos. Ciro não fez isto por bondade, mas de forma interesseira para agradar aos deuses e na expectativa que eles lhe prolongassem a sua vida. 

Na verdade, Ciro estava, mesmo não tendo consciência, a cumprir as profecias e a ser um agente da perfeita e soberana vontade de Deus. Estava dar cumprimentos às antigas profecias. A Palavra de Deus não falha. É o próprio Deus que vela pela Sua Palavra para a cumprir (Jr 1:12). A primeira grande lição deste capítulo é que Deus sempre cumpre a sua Palavra e as suas promessas

Zorobabel liderou esta primeira leva rumo a Jerusalém mas todo o povo esteve envolvido e contribuiu. Infelizmente muitos não entendem a bênção que é contribuir para a obra de Deus. Não só indo, mas orando, apoiando e ofertando. Ajudar na reconstrução é o nosso privilégio, como filhos de Deus. É verdade que não podemos (nem devemos) estar em todas as missões do Reino (Esdras veio mais tarde!), mas a segunda lição é que todos precisamos estar envolvidos na edificação.

Os líderes deram o exemplo prático. Se os pastores, os diáconos, os cooperadores não têm interesse em participar na reconstrução, como podemos esperar que outros o façam? Se não formos obedientes ao despertamento do Senhor para a reedificação da Sua obra, outros irão fazê-lo, mas essa desobediência vai causar frustração, tristeza e falta de paz. Envolvimento prático. A terceira lição desta passagem é que não chegam palavras na obra de Deus, a reconstrução implica exemplo e um contributo efectivo.

O rei Ciro mandou devolver todos os utensílios sagrados que Nabucodonosor tinha pilhado em Jerusalém (Ed 1:7-11). Pela providência divina tinham sido preservados. Que bênção! Confiemos que O Senhor provedor cuida de todos os detalhes da nossa vida e da Sua Igreja. Porém, só existe uma maneira certa de fazer a obra de Deus, é fazê-la à maneira de Deus, confiando que Ele tem a primeira e a última palavra. A quarta lição é que a obra de Deus começa com Deus, é realizada em cooperação com Deus e deve ser feita para a glória de Deus.


Os computadores por vezes encravam. A vida também. Só que na vida não há um botão de reiniciar automático como nos computadores, mas quando esperamos e confiamos em Deus, Ele desperta-nos para novos começos. Com Cristo é sempre possível recomeçar, porque “Se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (2Co 5:17). 

É mais fácil derribar, destruir, criticar do que reconstruir e solidificar. A vontade de Deus é que edifiquemos. Sigamos o exemplo de Zorobabel, Esdras e sobretudo de Jesus Cristo para trabalharmos enquanto é dia, pois a noite vem quando ninguém pode trabalhar (João 9:4). Este continua a ser o tempo de crer em Deus e recomeçar a reedificar.

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