quinta-feira, janeiro 24, 2019

Orações umbilicais

"Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te alongas das palavras do meu bramido e não me auxilias? Deus meu, eu clamo de dia, e tu não me ouves; de noite, e não tenho sossego." (Salmo 22:1,2).

O Salmo 22 é grito de revolta de David contra Deus. Aparentemente Deus está indiferente às orações de David. Expressar o desalento a Deus por Ele não responder às orações é algo humano. Mas uma coisa é ficar impaciente com o silêncio divino, outra coisa, bem diferente, é pensar que a oração serve para satisfazer os nossos desejos egoístas. Há pessoas que têm raiva de Deus porque Ele não lhes faz as vontades. É terrivelmente infantil pensar que O Senhor tem a obrigação de nos dar tudo o que lhe pedimos. Na realidade, quem ora assim não está a orar ao Deus Altíssimo, mas ao seu próprio umbigo. A oração umbilical é sinal de uma fé imatura e imberbe. Se há coisa que os umbigos são bons é fazer a pessoa olhar para baixo e para si própria.

Mas este Salmo também é profético e messiânico. Cristo é verdadeiramente O Homem que foi desamparado por Deus na cruz, por causa do nosso pecado. Na sua oração, antes de ir à cruz, Jesus revelou a verdadeira essência da oração: "e, pondo-se de joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua." (Lc 22:41,42). Orar é conhecer e fazer a vontade de Deus. Orar é aceitar os silêncios e as respostas divinas. Orar é estar disposto a morrer por Deus e para o nosso umbigo.

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