terça-feira, outubro 04, 2011

As pérolas de Tomé

Se João era o discípulo amado de Jesus, o que se reclinava no seu seio para escutar o palpitar do amor, Tomé poderá ser considerado como o discípulo mal amado, o que desconfiava de tudo, que faltava às reuniões, que só acreditava nas coisas que via com os seus olhos e se tocasse com o seu dedo nas feridas. Conquanto exista muito palavreado herético acerca de Tomé – leia-se os gnósticos e os Códigos Da Vincianos que proliferam por aí -, tem-se estudado pouco, do muito que há para aprender, deste misterioso apóstolo de Jesus.

No primeiro dia desta semana quente, na classe de adultos da minha igreja, começamos a esmiuçar as dúvidas do apóstolo da dúvida, desventrando as nossas. Estranhamente, somente o Evangelho de João põe Tomé a falar, por três ocasiões. E, se as declarações de Tomé revelam atrevimento, ignorância grosseira e ignóbeis dúvidas, também dão seguimento às maiores pérolas teológicas do Evangelho. Um clássico divino: transformar tolices humanas nos melhores cristais celestiais.

Foi um papa do século VI, o tal que inventou o canto gregoriano e que tinha a mania que era grande, que proferiu a acertada sentença: “A falta de fé de Tomé fez mais pela nossa fé do que a fé dos discípulos que acreditaram.
Muito felizes são os não continuam incrédulos quando contemplam, de olhos vendados ou descobertos, as feridas de Cristo, antes, crêem nele e permitem que Jesus seja o seu Deus e Senhor, todos os dias da sua vida.


Imagem: "A incredulidade de São Tomé", por Caravaggio

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