Num dos admiráveis contos de Anton Tchékhov que ando a ler, Piotr Mikháilich vai resgatar a sua jovem irmã solteira que tinha fugido de amores para os braços de Vlássitch, um homem casado. No caminho, Mikháilich planeava insultar o vergonhoso canalha, esbofeteá-lo, desafiá-lo para um duelo. Ou talvez apenas um insulto e uma chicotada. «Ajuda-me Senhor, ajuda-me!», gemia ele desesperado.No final da história, quando retorna sozinho para casa, Piotr Mikháilich constata amargurado que nunca fazia nada do que pensava e nem sequer sabia com certeza o que pensava. Tudo lhe parecia irrecuperável e sem sentido. Mas talvez o que o irmão pensou e não fez tenha produzido um efeito maior do que ele pensou que faria se o tivesse feito. O brilho dos olhos chorosos da irmã prenunciavam que nada estava irremediavelmente perdido.
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2 comentários:
Amigo, os russos mandam no jogo. Bela literatura.
Olá amigo Luiz,
A boa literatura resiste à prova do tempo.
Neste CANTO: os Russos, sempre os Russos.
:)
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