O profeta do (mau) tempo

“Jorge, Jorge, achas que vai chover hoje?”, acorda-me a minha esposa já toda espevitada para sair. Encarapinhado nos cobertores, abro com esforço um olho ferido pela luz forte que dispara pela janela adentro. Noto com esforço que o céu é de um azul acinzentado escuro. “Acho!”, digo-lhe. “É que tenho as cobertas para secar!”. “Põe cá dentro, à beira da porta...”, sugiro-lhe, ainda entontecido pelo sono - demoro a acordar. “Mas achas mesmo que vai chover?”. Enrosco-me nos cobertores com mais força e resolvo não dizer mais nada. “Papá, achas que vai chover, hoje?”, irrompe uma das filhas em pijama. Chego à conclusão evidente que tenho que me levantar. “Acho!”