quarta-feira, maio 09, 2007

Marcas

Ajudava a minha amada esposa a limpar a cozinha. Quando tentava encaixar a porta do nosso forno, a patilha de encaixe da porta disparou e golpeou o meu polegar direito. O sangue carmim jorrava e apercebi-me que o corte era profundo. Talvez tivesse que levar alguns pontos, mas como tenho más lembranças disso e não gosto muito de hospitais, desinfectei o melhor que pude, e lá fiz um curativo muito apertadinho, na expectativa que estancasse rapidamente o sangue. Mas a ferida era profunda e demorou muitos dias a parar de sangrar, existem feridas que demoram a sarar. Hoje o dedo está quase curado. Agora quando digo que está tudo “OK” com o polegar, a pequena cicatriz está lá também. A lembrança, essa também permanecerá por mais algum tempo, porque o sangue derramado deixa sempre marcas. No corpo e na alma. Mas é precisamente O sangue derramado que cura essas marcas.

7 comentários:

Lou H. Mello disse...

Não é fácil entender as boas novas, hein? Pior é que não temos muitos dedos. Mas gostei, ainda que tenha lhe custado sofrimento.

Vilma disse...

Au...!

Rui Rebelo disse...

não acho que seja sensato. as feridas e o sangue podem fazer-nos perceber coisas, mas se por não termos desinfectado o dedo o tivermos que amputar só vamos aprender a sermos sensatos.

Um mestre andava pelo deserto com um discipulo e dizia-lhe sempre para ele confiar que Deus lhes traria o que precisassem. E assim foi: não lhes faltou água nem comida e nem mesmo sombra para descansar. Nessa noite, junto a uma arvore o mestre disse:
- trata dos camelos e vamos descançar.
No outro dia quando acordaram os camelos não estavam lá e o disciplo desculpou-se dizendo:
- O mestre disse-me para eu confiar em Deus...
ao que o mestre respondeu:
- Confia em Deus mas amarra os camelos.

Jorge Oliveira disse...

O que é que eu disse/fiz que não é sensato, amigo Rui?

Rui Rebelo disse...

não ter ido ao hospital para dar um pontinho no dedo e lhe receitarem um anti inflamatório.
olhe o exemplo que está a dar aos seus filhos...
odeio ter este discurso paternalista mas tinha de arranjar um motivo para contar a história do camelo que me parece genial.

Jorge Oliveira disse...

Concordo que tinha feito melhor se fosse ao Hospital.


A história já conhecia e realmente é genial. Mas repara que, seguindo a analogia, eu “amarrei o camelo”, desinfectando e colocando um curativo no dedo. Ali não se tratou uma questão de confiar em Deus, foi mesmo cobardia minha.

Além disso, (para piorar o desértico quadro) “auto-receitei” um anti inflamatório e tomei-o durante 3 dias. Digo isto, para que não restem nenhumas dúvidas que o camelo aqui, sou mesmo eu.
:)))


Agora gostava que também pensasses no OUTRO sangue que cura as OUTRAS feridas. Será que temos a sensatez de crer nele?

Rui Rebelo disse...

já me arrancaste uma gargalhada.


Eu prefiro curar as OUTRAS feridas com LUZ. Já chega de sangue...

um grande abraço. Vejo que continuas com bom HUMOR e esse também cura muitas feridas.