No princípio deste ano, comprei uma planta nova para o meu escritório. Passados alguns dias começou a despontar uma folha nova. Primeiro, um acanhado espreitar brotou, encabulada talvez pela sua própria candura. Depois, cresceu mais um pouco e enrolada sobre si própria, como se um pequeno ramo se tratasse, apontava a luz. Hoje, quando cheguei ao escritório, notei que a pequena folha estava a abrir-se. Vagarosamente, no compasso belo da vida e próprio das coisas que perduram, a pequena nova folha começava a desenrolar-se timidamente. Observam-se já raios escarlates, quais dedos de um bebé franzino que tenta agarrar destemidamente a vida, por entre um fundo verde-claro da folha.
Aproximei-me dela e curvei-me silencioso para a ver melhor.
A nova folha parece um coração. Sente-se o seu silencioso pulsar. Ouve-se o seu sorriso. Desembrulhou-se da vergonha e está feliz por estar aqui.
Poderia ter alguém a veleidade de a esmagar?
5 comentários:
Por incrível que pareça há sempre alguém que tenha essa veleidade
Sinto-me como se acabasse de ler um maravilhoso poema saído das páginas de um clássico da literatura. Estou fascinada com a tua descrição! E mais ainda com a comparação que estabeleces entre essa plantinha e a própria vida humana. Quem ama, quem quer cuidar jamais terá a veleidade de acabar com a vida...
Obrigada pela reflexão.
simples, directo, profundo,...
Dta mt
Bonito texto. Por muito perdão que as mulheres mereçam, por muito apoio que necessitem, por muito apoio que o estado dê, o dinheiro dos contribuinte não pode servir para matar só porque sim, porque não me dá geito agora... Não se trata apenas da mulher mas de um ser vivo novo, que incrivelmente alguns não querem ver o que está de caras! Nesse campo tens aqui no blog uma imagem brutal de um bocado de feto com uma moeda: isso não será uma criança?!!! Há que educar nos valores, e acima de tudo que há valores que o dinheiro não paga. Dia 11 eu voto NÃO.
Muito bonito. Muito a propósito.
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