quinta-feira, setembro 14, 2006

O gatinho e o carro

Quando vinha para o escritório, seguia velozmente numa rua estreita, um carro cinza prata, a uns 50 metros do meu. “Aquele era o carro que eu precisava”, considerava com os meus botões. Depois de contornar a curva, vi ao longe uma rapariga que tremia. Estava com uma expressão horrorizada no rosto, indício de que algo grave tinha ocorrido. Pediu-me para parar. Assenti.
- Era para lhe pedir um favor – disse ela com a voz e mãos a tremerem – não passe com o carro por cima do gatinho.
À minha frente, quase no meio da rua, um gato pequeno agonizava, tremendo ensanguentado.
- Foi o carro cinza prata que passou mesmo agora.
Entretanto, a jovem aproximou-se do animal e desviou-o cuidadosamente para junto do passeio.
- São coisas que por vezes acontecem. – Alvitrei.
Ela encolheu os ombros e suspirou profundamente. Parecia um pouco melhor.
O gatinho parou de tremer.
Prossegui acelerando vagarosamente no meu carro azul.

5 comentários:

O Tempo Passa disse...

Por acaso minha reminiscência recem postada (O Tempo Passa: "39 Gato Atropelado" http://rubensosorio.blogspot.com) tem algo a ver com este pobre gatinho moribundo ?!

Jorge Oliveira disse...

Não. O gato era outro. Um "gato portuga".

Lou H. Mello disse...

Você está querendo dizer que ele foi atropelado porque era um gato portuga ou porque o carro atropelador era prateado e não azul?

Jorge Oliveira disse...

Lou,
Estou querendo dizer que o gato que eu vi não era o mesmo que o Rubinho viu. O resto, deixo com a tua imaginação e criatividade.

Jorge Oliveira disse...

Ruben,
Penso que o gatinho morreu.