terça-feira, agosto 22, 2006

A pequena melga

Umas horas antes tinha enchido o quarto com uma nuvem de “DUM-DUM”. Já era tarde quando nos fomos deitar. Estava eu ainda naquele limbo do sono profundo, quando ouvi o zumbido característico dos insectos pequeninos que atazanam os pecadores durante a noite. Pequenos zunzuns que podem estragar noites. Aliás, normalmente são os pequenos detalhes que arrasam as vidas. Acendi rapidamente a luz do candeeiro, sentei-me na borda da cama e observei em redor. Nada. Deitei-me outra vez. Apaguei a luz.

Não demorou muito para ouvir novamente o zunido perturbador. “BzzzzzzZZZZZZZZZZzzzz”. Num gesto repentino acendi a luz e tal qual um Karate Kid, pus-me em pé rapidamente, pronto a lutar. Lutar pela paz. Destes pretextos antagónicos se faz a vida.
Lá estava ela. Quase que se podia ouvir o seu riso maquiavélico no tecto branco do quarto. “Eu, resisti ao teu veneno e vou atormentar-te a noite toda!”.

Apanhei as armas da paz. Um chinelo. Subi vagarosamente para a cama, como um tigre selvagem que sorrateiramente se aproxima da sua presa, e com o chinelo na mão, lentamente, estiquei-me na sua direcção.

“PRÁZZ!”. Já estás!
Agora era eu que sorria.

Olhei melhor para o tecto e o asqueroso bicho tinha perpetuado a sua existência com os seus restos mortais. Uma posta de sangue. O meu sangue! O sangue deixa sempre as suas marcas. Lembro-me do meu pai nestes propósitos à muitos anos atrás.
Fui buscar papel higiénico para limpar o tecto. Como a minha cama não é muito alta, e a nódoa sanguinolenta estava ligeiramente afastada da cama, alonguei-me o mais que pude. Com um pé na extremidade da cama e outro na ponta do colchão fiz um esforço derradeiro para chegar ao funesto insecto.

“TRÁZZ!”. A cama partiu-se.
Agora, já não me ria.

9 comentários:

marcos disse...

ah ah ah ah ah ah o bicho só te ajudou , ele fez te ver que precisavas de uma cama nova ah ah ah ah....

Adilson Marques disse...

Jó, aí está um bom pretexto para comprar uma cama nova. Muito engraçado. Um abraço.

Lou H. Mello disse...

Jorge

Legal. A cama é que estava ruim e não o sobrepeso do acrobata.
Ah, o nome do bicho é pernilongo. Para de mudar o nome das coisas.

Anónimo disse...

ah,ah,ah e agora quem se ri somos nós, como é que um bicho tão pequeno pode fazer tantos estragos, só espero que não tivesse estragado o resto da noite, ah, ah, ah.

Desu te abençoe. :-))))

framentosII disse...

Não pude deixar de rir ao ler o relato da tua aventura. A melguinha não fazia mal nenhum.... e tu além de a matares ainda quebras a cama?

Vítor Mácula disse...

Ah ah ah ah... Pois, Jorge, não te rias, não te rias... mas o que me rio eu!... (Espero que não te tenhas magoado na queda.)

Mas isto até parece uma cena daqueles desenhos animados sado-masos tipo Pernalonga, Daffy Duck, Beep beep (sim, eu sei, agora há uns muito mais violentos, mas pronto, a cada época a sua infância). Tens a certeza que não foram alucinações provocadas pelo DUMDUM?... É melhor verificares se a cama se partiu mesmo antes de comprares outra, e talvez verfificares a quem amandaste a chinelada... :)

Eh eh eh eh...

Abraço.

Gustavo Nagel disse...

Não sabia que você já estava de volta. Azar, azar. Hehe!

Abraços.

José Carlos disse...

Aproveito para informar que a melga (fêmea) suga o sangue a pensar nas suas crias.
Trata-se, por isso, de uma picada por uma boa causa.
Não te devias importar de contribuir... eh eh eh.

Jorge Oliveira disse...

Tantos risinhos...

Queria ver se fosse o vosso sangue ou a vossa cama...

Informo que a minha cama já tem muitos anos, muito uso e que engordei 2 quilitos nas férias!

Melgas!

ah... ah...