"Rezar" é um exercício repetido de frases, credos ou ladainhas criadas normalmente por outra pessoa e verbalizado com a boca de quem reza.
"Orar" pressupõe uma conversa franca, espontânea e íntima com Deus sendo produzida essencialmente com o espírito da pessoa que a faz e podendo ou não ser verbalizada com a boca.
Rezar e orar são coisas bem distintas. Rezar é repetir; orar é dialogar com Deus. Rezar é um ritual; orar é uma comunhão. Uma coisa é a boca; outra é o coração.
13 comentários:
Li uma vez que Deus não ouve nada mais do que aquilo que fala o nosso coração, pois se o nosso coração for mudo, Deus certamente será surdo.
Gostei da comparação Jorge! Esclarecedora! :)
Jo, eu entendi seu ponto, mas eu acho que é possível orar sinceramente, com o coração, uma oração feita previamente, escrita por outros. Um exemplo seria a própria prática de "orar a Bíblia", ou os Salmos, a oração do Pai Nosso. O que tu achas? :)
Grande abraço.
Ó amigo, eu também tenho esses anti-corpos contra a palavra "reza", mas os nossos conterrâneos católicos usam-na muitas vezes no sentido "oração". Perdoamos-lhes?
Jo, felizmente abordaste algo que há muito ouço, que orar não é rezar. Infelizmente o Dicionário Universal de Língua Portuguesa da Texto Editora tem uma posição diferente, ou seja, orar e rezar são sinónimos. Um abraço.
Aqui na terrona já vimos esse filme. É muito comum a mistura dos termos quando se traduz.
Se pudessemos assim dizer, seria algo como "a oração é mais para os protestantes e rezar é mais para os católicos".
Vilma,
Muito interessante o que tu escreveste.
Nagel,
Jesus ensinou-nos a não orar usar de repetições inúteis (“E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que, por muito falarem, serão ouvidos.” Mateus 6:7 ). Isto não quer dizer que não podemos ler uma oração escrita por nós ou por outrem, ler um salmo ou outra passagem da Palavra de Deus em espírito de oração. O problema é quando se faz disto um ritual repetitivo e por vezes mágico, sem qualquer aplicação pessoal, nem intuito espiritual.
O pior ainda é quando a vida da oração se resume a um conjunto repetitivo de palavras muito bem escritas por outras pessoas, quando afinal Deus está à espera de ouvir nossas orações, tantas vezes incoerentes e erradas, mas simples e sinceras vindas do nosso coração.
Mas foi bastante oportuna a tua intervenção.
Avózinha
Isto não tem nada a ver com perdoar ou não perdoar. É uma questão de clarificar que “orar” e “rezar” são duas coisas essencialmente diferentes.
Adilson
O "post" tenta realçar mais o aspecto pragmático e experimental da oração do que o lado gramatical ou semântico. A prática comunicativa mostra que são coisas distintas. Trata-se de uma questão de comunicação, de diálogo, e ninguém comunica eficazmente com outra pessoa pronunciando sempre o mesmo estereótipo de frases estipuladas. Isso produziria um relacionamento insensato, grosseiro e louco.
Efectivamente, na actualidade as pessoas confundem o orar e o rezar...
Confundem, sobretudo porque na igreja católica não se ora mas reza-se... O "oremos irmãos" não passe de uma entrada para toda a gente em unissono dizer a lenga lenga do costume; apesar de serem palavras de Jesus, foram palavras tiradas de texto,num determinado contexto, para criar um pretexto...
Concordo contigo Jó...
Devemos ser nós também a demonstrar a diferença entre um rezar e o orar!
Infelizmente também se vai rezando entre os chamados protestantes. Alguns, mesmo não tendo um papel na mão com a reza escrita, possuem-na decorada, de tal maneira, que quando iniciam nós já sabemos como vão terminar.
Mesmo que o dicionário diga que rezar e orar são sinónimos (também diz que "igreja" serve para descrever o edifício religioso)nós sabemos quem uma coisa nada tem a haver com a outra.
Até um papagaio pode rezar mas só o pecador arrependido e o crente podem orar.
Parece-me que alguns comentários estão a ignorar um pouco aquilo que o Adilson está a tentar realçar...ou seja, a etimologia das palavras que usamos nesta língua que falamos. Se para ambas as palavras os sinónimos são idênticos, parece-me então que corremos o risco de fazer um cavalo de batalha numa diferença que não existe e que se torna um capricho apenas por necessitarmos de sermos diferenciados e desejarmos que nossas referencias sejam reconhecidas.
Sempre me chocou traduzirem "pray" por "rezar" até saber que a tradução está correcta.
Caro Tito,
Já referi mais acima que a ênfase do meu “post” não é a semântica das duas palavras: "orar" e "rezar"; mas deixa-me acrescentar que sem ser um perito em etimologia, facilmente constato que a raiz da palavra “orar” vem do Latim “orare” e que a palavra “rezar” surge da palavra em Latim “recitare”. Portanto, não têm a mesma raiz etimológica e muito menos o mesmo significado. Aliás a própria origem das duas palavras explica o seu sentido prático.
Abraços
É isso. Mesmo etimológicamente falando, orar é bem diferente de rezar.
Caro Jo:
A etimologia de qualquer vocábulo encerra em si mesmo aquilo que pretende transmitir.Ou seja,noções e conceitos. E embora existam algumas diferenças na origem de ambas as palavras, não deixa de ser relevante que ambas têm como descrição simultânea, a outra. Por essa razão é que são de origem semelhante, porque pretendem comunicar conceitos e noções semelhantes.
Se no dicionário da língua que falamos é aceitavel utilizar uma dessas palavras para explicar um acto que a outra também refere...então deixo essa luta para os eruditos e inconformados travarem.
Apenas gostaria de dizer-te que também eu preferiria que traduzissem para "orar". E também que aquilo que o teu texto pretende trazer à luz, é para mim relevante e importante.
Um abraço
Bom, eu gostaria de entender mais a fundo o significado de 'orare' pois até onde percebo tem a ver com oral, o que remete à relação com a boca. Assim, oração seria algo verbal. Lingüísticamente, a oração é aquilo que se estrutura ao redor de um VERBO. Tendo que o Verbo é diretamente relacionado à uma ação, adoro pensar que orar é bem entendido se visto como agir. Assim, orar seria agir.
Gosto dessa perspectiva pois também creio que Jesus e outros mestres vieram trazer a Palavra como Caminho de Ação, de comportamento, de como AGIR. Daí que os ímpios "usam de vãs repetições": os VÍCIOS.
Orar me parece, assim, ser mais relativo à como agimos e menos em como falamos ou pensamos ou louvamos, mas num conjunto deles, no nosso comortamento em relação à Vida, ao todo, à Deus.
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