sexta-feira, março 03, 2006

Liberdade de expressão

O problema da liberdade de expressão é um assunto actual e polémico. Torna-se ainda mais incomodativo quando estão envolvidas nações, etnias, crenças, princípios e políticas muito distintas. Por vezes a liberdade de expressão pode roçar a libertinagem e isso é contraproducente e nocivo. Porém, actos censórios ou tentativas castradoras da opinião, no meu entender são igualmente maus, até porque normalmente os meios usados para reprimir são idênticos ou piores que os meios da liberdade. Esconder e ocultar é um dos primeiros sintomas do erro, da falácia e do pecado. Muitas vezes, organizações, igrejas e mesmo crentes individuais tentam esconder e até reprimir algumas situações escandalosas e o resultado tem sido desastroso.

Penso que a revolta, a indignação e o não-conformismo, por vezes pode ser necessário e até enquadrar-se na maneira de Deus agir. Os antigos Profetas fizeram-no. Jesus indignou a muitos, os Apóstolos também. A igreja, ao longo da história afrontou preceitos e imposições que violavam a vontade de Deus. “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens”.

Existirão alguns exageros, é certo, mas essencialmente a Reforma Protestante do Século XVI foi um grito de revolta. Os reformistas fizeram “uma caricatura” da igreja e dos seus líderes, expondo as coisas que iam contra a vontade de Deus e procuraram restaurar e reavivar as “boas coisas” que pareciam estar esquecidas e enterradas, nomeadamente a Bíblia traduzida e nas mãos de todo o povo, a salvação somente pela fé em Jesus Cristo, o sacerdócio universal de todos os crentes, etc…

Dentro e fora da Igreja têm havido muitos Diótrefes, que não passam de ditadores déspotas, tentando silenciar muitas vezes a obra de Deus no coração dos santos e a sua expressão. Mas Deus tem acabado por os silenciar a eles. Basta observar a História.

Não quero esgotar e muito menos ter a última palavra sobre este assunto, mas penso que não existe verdadeira liberdade sem Cristo. Ele é a nossa liberdade autêntica e efectiva. As armas e os meios da verdadeira liberdade de expressão cristã são a Verdade, a Paz, e o Amor, debaixo da direcção do Espírito Santo.

Jesus Cristo é Senhor!



Comentado por mim aqui.

4 comentários:

Anónimo disse...

Acerca da liberdade de expressão, a Bíblia não a defende. Pronto, lá estão todos a ficar escandalizados, e tal. Mas é verdade. Não a defende para os cristãos, claro está, porque a Bíblia é escrita para os cristãos.

O que a Bíblia defende é o tentar não escandalizar os irmãos, agir em amor, e essas coisas bonitas e difíceis.

Agora, uma coisa é agir em amor e fazer por não escandalizar, e outra coisa é não tratar dos problemas. Quando há um líder ditador, ou outro irmão que persiste num determinado pecado, que não se quer corrigir, nós não temos a liberdade de expressão, isso é demasiado suave. Nós temos o dever de expôr a situação diante da igreja, e tomar as acções necessárias.

Já agora, isto é uma resposta a concordar com o artigo, mesmo que possa parece que não :)

Anónimo disse...

(...) acredito que o homem só é livre quando sua consciência está livre. Já discordei, na igreja, de liderenças religiosas (como discordo ainda de algumas), pois muitos pregam a "liberdade de Cristo", mas reprimem essa mesma liberdade. Enfim, é sempre bom pensarmos a respeito. abçs, Aline

Vilma disse...

Gostei do artigo, Jorge... directo e franco. Eu creio que acima de tudo, como cristãos, devemos sempre procurar não agradar a nós mesmos, mas a Deus. Aí começa a nossa liberdade de expressão ou outra forma de liberdade... não devemos confundir com indolência. A nossa expressão deverá ser sempre, conforme tu dizes, com os frutos do Espirito!
Nunca podemos esquecer desse nosso papel...

rui miguel duarte disse...

Jorge, é verdade, como tu dizes e os outros irmãos que aqui comentaram. A verdadeira liberdade baseia-se na obra de Cristo, na Verdade, na Paz, no Amor, em viver sobr direcção do Espírito Santo. Ainda assim, parece-me que ainda subsiste a tal liberdade de escolhe com que Deus nos dotou. Não uma liberdade necessariamente de expressão ou outra, mas outra mais do ser: o que quero ser? Escolho a vida ou a morte? Escolho os caminhos de Deus ou os meus? E estas questões colocam-se diariamente. Ora, se a minha vida se fundar no amor a Deus e ao próximo como a mim mesmo, então sou livre, mas com uma restrição, a de fazer a vontade de Deus. E se amo o próximo, respeito a sua consciência e contenho-me. Contudo, fui eu que exerci essa escolha - isto é, escolhi em liberdade.

A propósito da liberdade de expressão e ao caso das caricaturas, lamento e entristece-me que tenha sido usada para provocar os muçulmanos. No meu blog lamentei a reacção islâmica e teria preferido que tivesse recorrido aos tribunais. Com efeito, também aí houve aparentemenet vontade de conflito com o Ocidente, pois a reacção surgiu meses mais tarde e partiu de muçulmanos que vivem na Dinamarca. Porque não recorreram aos tribunais dinamarqueses? Porquê a Dinamarca, um dos maiores doadores do mundo árabe e muçulmano? Não saberiam que no Ocidente há separação de poderes?

Li nos jornais artigos de opinião sobre o caso. Alguns defendiam liberdade de expressão tout court e um direito à blasfémia. Respeitáveis que sejam tais opiniões, não são as minhas, e colidem com o princípio do respeito pela consciência dos outros, que são valores bíblicos. É pena que não sejam valores de toda a cidadania, principalmente da laica.
O culto, o religioso pertencem ao foro da consciência. A estes princípios, que cabe a cada um exercer, deve acrescentar-se o bom senso. E esse – admite-se – faltou aos jornais que começaram a publicação dos cartoons.