quinta-feira, julho 14, 2005

A menina de olhos e cabelos negros

Não tinha mais de sete anos. As parcas roupas coloridas sazonais, escondiam o delgado corpo sujo pelas brincadeiras de rua. O Cabelo esguedelhado pelos tratos da vida era preto e curto. No olhar, o brilho dos olhos negros, cintilantes como estrelas. Sentada na cadeira, tentava disfarçar a inquietação própria da sua meninice, naquele restaurante calmo.
A irmã, mais velha um ou dois anos, tentava empenhadamente descortinar o funcionamento de um telemóvel.

Esbocei um sorriso para a mais nova. Ela sorriu para mim.

Num rasgo repentino ela levantou-se e pediu algo ao homem que pagava a conta na caixa do restaurante. Ele acedeu porque voltou sorridente.
Então, abriu a caixa das chiclets e tirou duas. Ofereceu uma à irmã mas ela não quis. Continuava perdidamente apaixonada pelo telemóvel.

Satisfeita, sorriu novamente para mim. Sorri mais ainda.

Pensei que a doçura daquele sorriso tinha muito. A simplicidade dos inocentes primeiros anos. A gratificação dos pequenos grandes pormenores. A beleza da singeleza. A despretensiosa celebração da vida.

Roguei a Deus que me desse aquele sorriso, outra vez.

5 comentários:

Vilma disse...

:))

framentosII disse...

Impossivel, só as crianças conseguem ter essa candura.

Jorge Oliveira disse...

Haverá coisas impossíveis para Deus?

Anónimo disse...

nada é impossivel aos olhos de Deus.
tu tambem podes ter essa candura se quiseres muito... basta kereres.

Jorge Oliveira disse...

;)