terça-feira, agosto 11, 2020

Todavia, eu me alegrarei no Senhor

O livro de Habacuque ensina-nos a entregarmos as nossas dúvidas e aflições ao Senhor Deus através da oração e a caminharmos com fé e confiança no Senhor, no meio das nossas piores crises e lutas.

O capítulo 3 é uma oração em forma de cântico. Provavelmente este Salmo de adoração e louvor a Deus seria usado no templo em Jerusalém. É uma Teofania, ou seja, uma manifestação de Deus e dos seus propósitos. Martyn Lloyd-Jones disse que Habacuque agora só está interessado na glória de Deus e mais nada.

Quando Habacuque ouviu as respostas do Senhor temeu e tremeu. Estremeceu por todos os lados: lábios, ossos, ventre e coração (v.2 e 16). Em prantos, o profeta tem a noção clara da grandeza portentosa do Senhor e da sua podridão interior. Mais importante do que entender a origem da existência da mal no mundo (um dos grandes temas deste livro) é reconhecermos e arrependermo-nos da nossa própria maldade.

O profeta ao ouvir os juízos do Senhor clama por avivamento (v.2). “Avivar” aqui é um pedido de preservação da vida, é um rogo para não ser destruído na invasão babilónica que estava para vir. Mas também é um grito por renovação espiritual.

Normalmente o avivamento surge num quadro de perversidade e frieza espiritual. O avivamento vem de Deus e é um retorno à centralidade da Palavra de Deus, à conversão e santificação. Hernandes Dias Lopes diz que “Precisamos de um avivamento que coloque a igreja nos trilhos da sã doutrina e a desperte para viver piedosamente.”

Deus envia o avivamento espiritual quando vê quebrantamento, arrependimento e confissão. A glória de Deus torna-se manifesta a todos e um grande número de almas são salvas. Clamemos a Deus, conforme fez Habacuque: “Aviva, ó SENHOR, a tua obra!”

O livro termina de forma admirável. A invasão babilónica iria devastar a agricultura, o gado, as provisões e todo o sustento de Judá e do profeta. Muita fome e miséria estavam para acontecer. Mas mesmo assim, "ainda que...", o profeta declara a sua confiança em Deus: “Todavia, eu me alegrarei no Senhor!” (v. 18).

Alegrar-se em Deus quando as coisas correm de feição é relativamente fácil, o nosso grande desafio é continuar a confiar nele no meio das aflições desta vida e quando tudo parece ruir.

O profeta começou com dúvidas mas termina com fé. No capítulo 2 “o justo viverá pela fé”, no capítulo 3 “o justo está a viver pela fé!” Uma coisa é conhecermos intelectualmente a vida da fé, outra bem distinta é vivermos pela fé! Não se trata de negar as maldades ou meter a cabeça na areia quando tudo vai mal, nada disso! É confessar os nossos pecados e confiar em Deus em todas as circunstâncias.

A fé bíblica e madura é aceitar a vontade de Deus, independentemente dos resultados. Deus nem sempre muda a nossa conjuntura, mas pode transformar a nossa maneira de enfrentar as situações mais difíceis. Isso é viver pela fé!

O Livro começa com “o peso” do Profeta e termina com a alegria e a força do Senhor Jeová. Começa no mais no vale da dúvida e termina na mais alta montanha da fé. G. Campbell Morgan disse que “A nossa alegria é proporcional à nossa confiança. A nossa confiança é proporcional ao nosso conhecimento de Deus.” Podemos confiar em Deus porque Ele continua a ser o Senhor soberano que está no controlo de todas as coisas.

Aprendemos muito com Habacuque. É melhor subir à nossa torre de vigia para orar e ouvir Deus falar, do que reclamar e querer entender todos as sombras e contornos da nossa vida. A alegrarmo-nos no Deus da nossa salvação, independentemente das circunstâncias. A viver mais por fé e menos por vista.

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