segunda-feira, fevereiro 17, 2020

Sim à vida!

O meu amigo Jorge Cruz é um excelente médico, que escreveu um artigo esclarecedor na revista Iberoamericana de Bioética: A eutanásia e seus argumentos. Contra a eutanásia estão muitos médicos, enfermeiros, políticos, juristas, ateus, religiosos, formadores de opinião e muitos cidadãos. Não escamoteando os terríveis contornos do sofrimento humano, são muitos os problemas que se levantam com a legalização da morte assistida.

Começa logo nos direitos, liberdades e garantias pessoais, estabelecidas na nossa Constituição. O Artigo 24.º do Capítulo 1 diz que "A vida humana é inviolável". Ao Estado compete defender, preservar e proteger a vida humana. Não é legítimo que a morte dos cidadãos esteja nas mãos de políticos ou médicos. Até pode ficar mais barato ao Estado antecipar a morte, mas o valor de uma vida humana é inegociável. Incentivar a investigação médica; equipar o Serviço Nacional de Saúde com mais e melhores médicos, enfermeiros e meios; aumentar o investimento nos cuidados paliativos, devem ser algumas das respostas do Estado.

Um segundo problema, está no erro trágico da antecipação da morte. O avanço da ciência nas últimas décadas é notório. Quem tem a certeza que a maleita incurável de hoje não tem cura amanhã? Existe muita precipitação na nossa sociedade. Vive-se de forma desenfreada, teme-se pela solidão, e não se está preparado para ligar com as dores e a velhice. É verdade que cuidar de pessoas doentes dá muito trabalho. Acompanhei familiares e amigos até ao seu último fôlego de vida e sei que custa. Conheço o desgaste emocional e físico que implicou acompanhar o meu sogro nos seus últimos anos de vida. Valeu a pena. Quem ama, cuida.

Um terceiro aspecto para não aceitarmos a eutanásia é a experiência terrível dos poucos países em que ela está legalizada. Há negócios tenebrosos nas clínicas da morte, erros grosseiros, pessoas deprimidas que pedem a morte, jovens a serem eutanasiados, um quadro de desesperança. Desesperança legalizada e institucionalizada. Sabe-se que a eutanásia na Bélgica e Holanda foi usada para matar pessoas com depressão ou ansiedade. A ideia de que “eu faço o que quiser com a minha vida” ou "sou eu quem escolhe a minha morte", fazem sentido na defesa do suicídio, não na defesa da eutanásia.

Por último, a questão espiritual. Reconheço que este aspecto poderá ser o mais subjectivo para alguns, mas não deixa de ser relevante. O ser humano é mais que um corpo. Quem decide matar-se está desesperado e destroçado na sua alma. Matar a vida é rejeitar Deus, O Senhor e autor da vida. O poder da vida e da morte pertencem somente a Deus. Por mais doloroso e incompreensível que seja o sofrimento, acredito que há propósito nele. Jesus Cristo escolheu esse caminho para ir à cruz e morrer pelos nossos pecados. Digo sim à vida, mesmo com dores, porque creio que a vida vindoura para os crentes em Jesus será muito melhor.


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Assine a petição para se realizar um Referendo à Eutanásia em Portugal AQUI.

1 comentário:

Olagua disse...

É um excelente artigo.
Vou partilhar.
Obrigado