sexta-feira, junho 05, 2009
O crucifixo preto no chão
Veio a correr e apanhando-o por trás, pelo pescoço, desatou a dar-lhe murros na cara. O que fora surpreendido, largou as pesadas pastas e tentou ripostar como pôde. Alguns colegas estarrecidos. Mais murros. Um miúdo mais pequeno, uns dez anos, talvez o irmão de um deles, berrava e chorava pedindo ajuda. Disse à minha filha para esperar e aproximei-me. Um colega deles ajudou a separá-los. “Isso não resolve nada”, disse-lhes. Encararam-me ainda agarrados. “Tenham calma. Calma!” Separei-os. “Chavalo, leva este embora, depressa!” Ordenei a um amigo do agressor. Condescenderam e atravessaram para o outro lado da rua. Os que lutaram limpavam a boca. Cuspiam sangue. O miúdo mais pequeno, continuava a chorar e começou a insultar o agressor que agora ia longe. Outros adultos aproximavam-se e perguntavam o que se tinha passado. Os miúdos nada respondiam. No chão, um colar partido com um crucifixo preto. “De quem é isto?”, indaguei a um colega mais atrasado. Entreguei-lho. O coração acelerado. “Para quê isto?”
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