sexta-feira, novembro 25, 2005

Amor incondicional

Era um missionário e pregava a Palavra de Deus.
Perguntei-lhe pelo filho, jovem. Contou-me que ele era crente mas que presentemente não ia à igreja. Ouvia “outras músicas”, costumava sair à noite com os amigos, todos eles descrentes, bebia e divertia-se com eles. Frequentava discotecas e bares em vez de igrejas evangélicas. Quem o visse era diferente. Talvez também porque era estrangeiro, tinha um aspecto demasiado “mundano” e “escandaloso” para a maioria dos olhos religiosos. Provavelmente também por isso não entrava nos templos.

Ouvia-o a falar do filho “desviado” com doçura e ternamente comovido. Sorrindo. Nunca senti censura nem mágoa nas suas palavras. Ele acreditava que um dia o filho ia perceber as virtudes maiores de andar no “Caminho”. Amava muito o filho e acrescentou que estava a orar por ele. Conversavam bastante e algumas vezes saíam juntos à noite. Provavelmente abraçados.

Na altura não entendi muito bem tudo aquilo. Mas fiquei profundamente impressionado com o amor daquele pai. Incondicional. O amor do pai do pródigo. As Escrituras dão a entender que esse pai vivia na expectativa do retorno do filho perdido e quando isso aconteceu fez-lhe um banquete. Sem censuras ou dedos acusatórios.
Tal como aquele amor incompreensível do filho Aliocha pelo pai Fiódor Pávlovitch Karamazov, que era um velho rico, materialista, arrogante, devasso e soberbo. Amor esse do filho, que o próprio pai não o compreendia.

Depois, os missionários mudaram-se para outra terra e não sei bem o que aconteceu. Mas hoje, percebo melhor o exemplo daquele pai. O amor absoluto que brota do coração do Pai. Amor supremo que está acima das obras. Desprendido. Agora, percebo um pouco mais o que significa amor completo.
O vislumbre da graça maior marcou-me mais que os maiores templos e a maior religiosidade. Os frutos do amor incondicional serão sempre maiores e melhores.

1 comentário:

Vilma disse...

:))