A cura do cego em Betsaida é uma história um pouco estranha. É narrada apenas no
Evangelho de Marcos e num certo sentido encerra a primeira parte do livro. Betsaida era uma pequena cidade na zona norte do Mar da Galileia. Os Apóstolos Pedro, André e Filipe tinham nascido nessa cidade.
Trouxeram um cego a Jesus. O Senhor tomou-o pela mão e levou-o para fora da cidade. Alguns atribuem a saída de Jesus de Betsaida à terrível incredulidade que se vivia ali. Esta cidade, juntamente com Corazim e Cafarnaum foram repreendidas pelo Senhor porque rejeitaram Cristo e não se arrependeram dos seus pecados (Lc 10:13-16). No final do milagre, Jesus diz ao cego curado para ir para casa e não voltar a Betsaida. Há lugares e circunstâncias que não ajudam a nossa fé.
Marcos conta que Jesus cuspiu nos olhos do cego. Coisa estranha. Não era a primeira vezes que Jesus tinha usado a sua saliva para operar milagres (Mc 7:31-37). A saliva naquele tempo era considerada uma coisa medicinal, mas não foi por isso que Jesus usou saliva. Na verdade não foi a saliva que curou aquele homem, foi o seu poder divino.
Jesus curou o cego, mas ele disse que via homens que andavam como árvores. A sua visão não estava suficientemente clara. Esta cura foi mais complicada para Jesus? Claro que não. Bastava uma palavra, um toque, um olhar de Jesus para curar aquele cego. Reconhecendo que não temos todas as explicações, aceitamos os diferentes métodos que Jesus operou. O Senhor é soberano e 100% livre para agir em cada pessoa da forma que Ele quer e do modo particular em cada vida.
Entretanto, Jesus colocou novamente as mãos nos olhos do homem e ele começou a ver forma nítida. Deus pode curar as pessoas instantaneamente, como fez e faz com tantas vidas, mas também pode curar de forma progressiva. Todos nascemos espiritualmente cegos e até Jesus se revelar à nossa vida continuamos cegos. Quando recebemos Jesus começamos a ver e a vontade do Senhor é que essa visão continue a aperfeiçoar-se até ao dia em que já não veremos por espelho, mas face a face (1Co 13:12). Hernandes Dias Lopes relembra que
“a obra de Deus na nossa vida é progressiva. A vida do justo é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Depois do milagre, Jesus enviou o que era cego para casa e disse-lhe para não entrar na cidade. É provável que este cego não fosse de Betsaida, porque Jesus enviou-o para casa e para não entrar em Betsaida. Jesus faz tudo bem feito e as suas orientações são as melhores.
ALGUMAS APLICAÇÕES:
1. Devemos sair dos lugares e dos ambientes que nos impedem de vermos bem as coisas espirituais. O teste da visão espiritual é indagarmos se os lugares onde vamos e com quem estamos nos levam para mais perto do Senhor.
2. Temos a responsabilidade como cristãos de levar cegos a Jesus. Satanás cega os olhos das pessoas para que não vejam a salvação do Senhor. Somente Jesus, pela acção da Palavra e do Espírito Santo, pode remover a nossa cegueira.
3. Deixemos Deus tratar a nossa falta de visão. A visão limpa é sempre obra das mãos do Senhor. Que não pensemos que já vemos muita coisa. Leiamos e meditemos na Palavra, porque conforme diz o Salmo 119:105 “Lâmpada para os meus pés é tua palavra e luz, para o meu caminho.”
Que Deus possa acrescentar-nos mais da Sua visão!