terça-feira, agosto 04, 2015

Sinceramente errado

Se há coisa que se valoriza hoje é a sinceridade. A franqueza para se dizer tudo que se pensa é um dos pináculos do pensamento moderno. Será a sinceridade prova de acerto e verdade? Não me parece. Martin Lloyd-Jones, no seu excelente livro "Sincero, mas errado", escreveu que é possível uma pessoa estar sinceramente errada e genuinamente errada.

Obviamente que a sinceridade é importante, mas ela não comprova que uma pessoa está certa. Como bem o refere Ryle, nas suas Meditações no Evangelho de João: "Nem toda a sinceridade é de confiança". Por exemplo nas coisas espirituais: existem pessoas que pensam estar a servir a Deus de uma forma sincera e zelosa, mas na realidade estão a lutar contra a própria verdade que dizem defender e seguir. Saulo de Tarso é paradigmático nisto. Ele perseguia e matava os primeiros cristãos, pensando estar a fazer um bom serviço para Deus. Mais tarde, este mesmo Saulo, já transformado pela graça de Deus, diria que o zelo pela obra de Deus sem entendimento é inútil (Rm 10:2). Uma sinceridade desprovida de orientação amorosa causa sempre grandes males. O zelo e a sinceridade são coisas boas, mas devem ser motivadas com o discernimento do Espírito Santo e objectivadas para a glória divina.

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