Jesus viu este homem deitado. Por mais desprezada que seja a pessoa, Jesus vê e ama quem muitas vezes mais ninguém quer ver e amar. Faz-lhe uma estranha e quase ofensiva pergunta: “Queres ficar são?” As perguntas de Jesus estão sempre relacionadas com a necessidade real de lhe confessarmos algo. Será que aquele homem queria mesmo ficar curado? Seria a doença daquele homem uma fuga das exigências e responsabilidades da vida?
Pela sua resposta “não tenho ninguém!”, percebe-se que ele estava a olhar mais para aquilo que não tinha, para as impossibilidades do seu tolhimento, do que a confiar n’Aquele que estava diante dele e queria cura-lo. Não eram só as águas do tanque que estavam paradas para aquele homem, era a sua própria vida que estava toda paralisada. O pecado tolhe e atrofia sempre a nossa vida (v. 14).
Mas Jesus, O Logos criador, vai ordenar àquele homem: “Levanta-te, toma a tua cama e anda!” Werner de Boor diz que esta “é uma ordem criadora, que torna possível o impossível que exige.” Jesus é a Palavra viva e criadora. Lemos que aquele homem ficou imediatamente são e, tomando a sua cama, partiu. Nada é dito sobre a fé do enfermo, mas a sua pronta obediência evidencia o dom. Jesus é o único que nos levanta da paralisia espiritual.
Os Judeus, vendo o homem a carregar o seu leito, acusaram-no de estar a violar as leis do sábado. A ironia dos legalistas é curiosa: perante o grandioso milagre operado por Jesus, a sua atenção prendeu-se na quebra formal do seu código de regras religiosas. O pior cego é o que não quer ver a graça e a misericórdia do Messias (João 9:39-41). Talvez para evitar problemas, o homem que foi curado passou “a culpa” de levar a cama para quem o curou.
Mais tarde Jesus encontra-o no templo. Dá-lhe uma solene advertência: “Eis que já estás são; não peques mais, para que te não suceda alguma coisa pior.” A grande lição desta passagem é mesmo esta. O pecado é algo sério e que traz consequências dramáticas. Deus odeia o pecado e ordena-nos que não pequemos.
O sinal que Jesus fez naquela “Casa de misericórdia” foi pessoal – abençoou um só homem -, mas a lição é para todos nós. O que é que realmente nos incomoda e consome? São os detalhes, os pormenores, as minudências religiosas ou é o nosso próprio pecado? Deus ordena que deixemos todo o embaraço e o pecado, a indolência e a preguiça e levantemo-nos na força do seu poder!
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