quarta-feira, novembro 23, 2022

A cabeça de João Baptista ainda fala

Jesus enviou os doze Apóstolos na missão de espalharem a mensagem de arrependimento a todos e assim o nome de Jesus tornou-se ainda mais conhecido na Galileia. A fama de Jesus chegou aos ouvidos de Herodes Antipas, o Tetrarca da Galileia e da Pereia. Ele ficou com medo porque pensava que Jesus poderia ser João Baptista que tinha ressuscitado. Antipas tinha mandado assassinar João Baptista e Marcos agora relembra-nos os tristes contornos dessa morte.
 
João Baptista tinha sido preso porque denunciou o adultério de Herodes Antipas quando ele se casou com Herodias, a esposa do seu meio-irmão Filipe. Um dia, Antipas resolveu dar uma grande festa no dia do seu aniversário e convidou os grandes figurões da Galileia. Nessa festa, a filha da Herodias, que Josefo informa ser Salomé, fez uma dança que agradou imenso a Herodes e aos convidados. Antipas disse a Salomé para ela pedir o que quisesse que ele lhe daria, ainda que fosse metade do “seu reino”. Ela consultou a sua mãe Herodias que lhe disse para pedir a cabeça de João Baptista. Antipas ficou perturbado com o pedido porque sabia que João era justo e falava a verdade, mas como tinha feito a promessa, mandou degolá-lo. 

Há três homens nesta história que nos dão lições preciosas.
O primeiro, é um homem culpado: Herodes Antipas. Este homem perverso, cobarde e ganancioso sabia que João estava certo, mas ele escolheu o erro. Antipas era um homem dobre. Simpatizava com João, mas mandou matá-lo. Amava mais o seu estilo de vida do que O Deus de João Baptista. Por isso vivia atormentado pela sua consciência culpada. Não conseguia dormir bem, tudo lhe metia medo, vivia sem paz. Preferia as trevas à luz. Charles Spurgeon disse que “Há pessoas que acham que a culpa por a sua casa estar suja é do sol que ilumina e revela mais a sujidade.” Andar de consciência limpa é algo profundamente libertador nesta vida. Como Paulo disse ao governador Félix: “Procuro sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens.” (Actos 24:16).

O segundo homem é um homem sem medo: João Baptista. O próprio Herodes reconheceu que João era santo e justo. O Baptista não temeu afrontar o poder político e o ditador romano por causa da verdade. Não consta que tenha aparecido um fariseu, escriba ou sacerdote, ou um discípulo de Jesus com coragem para denunciar o pecado de Herodes Antipas. João falou e a sua cabeça ensanguentada continua a falar hoje. João dá-nos o exemplo para não temermos falar a verdade em amor, ainda que isso nos custe a vida. Lemos em Efésios para seguirmos a verdade em amor, para deixarmos a mentira e falarmos sempre a verdade (Efésios 4:18;25). 

O terceiro homem é O Homem: Jesus Cristo. O Senhor foi rejeitado em Nazaré, a sua terra natal, mas agora é popular em toda a Galileia. O nome de Jesus era notório e precisa ser ainda mais notório hoje! O Homem Jesus não só falava a verdade, Ele próprio era e é a verdade. João Baptista foi decapitado também por causa da mensagem deste Homem. No final, os discípulos de João Baptista tomaram de forma corajosa o corpo de João e sepultaram-no num sepulcro, honrando o seu mestre. Jesus amava João Baptista e não ficou indiferente à sua morte. Quando vieram contar-lhe que João tinha sido assassinado, Ele retirou-se para um lugar apartado (Mt 14:12-13). 

A morte injusta e violenta de João Baptista é uma espécie de prenúncio da morte mais cruel de todas as mortes que estava prestes a acontecer, a de Jesus Cristo na cruz. A cabeça de João continua a falar porque ele apontou para o "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo".  A morte de Jesus foi singular, redentora e proposital. "Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito” (1Pedro 3:18). O justo Jesus, que nunca cometeu pecado e nem na sua boca se achou engano, morreu por nós, os injustos, por uma razão magnificente: levar-nos a Deus. Basta crer.

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