quarta-feira, junho 21, 2017

A descoordenação mata


O caso da queda do avião Canadair que supostamente caiu ontem, que depois se verificou ter sido uma explosão de botijas de gás que estavam ao lado de uma suposta "roullote", só vem confirmar o que muitos já pensavam: a tragédia em Pedrógão Grande, que provocou já 64 mortes e 136 feridos, foi horrivelmente agravada pela desorientação e descoordenação de quem comandou as operações.

Sim, existiram causas naturais que podem ter ajudado a propagar o incêndio. Sim, existiu incúria da parte de alguns proprietários dos terrenos que não limparam as suas matas. Sim, os bombeiros e muitos outros anónimos foram verdadeiros heróis nestes terríveis fogos. Mas a grande descoordenação que reinou desde o início deste incêndio contribuiu infelizmente para o alastramento da tragédia. O incêndio começou às 14 horas e as respostas foram demasiado lentas e diminutas, dada a dimensão da catástrofe.

Falhou a protecção civil em não priorizar o salvamento das vidas humanas; falhou o sistema de comunicação para emergências (o afamado SIRESP); falharam os políticos ao encolherem os ombros, dizendo que tudo foi feito, falharam as políticas de ordenamento florestal que, na prática, nada resolvem, falharam muitos jornalistas pelo sensacionalismo balofo. Num certo sentido, falhámos todos como nação por terem morrido tantas crianças e adultos.

Deus tenha misericórdia de todos nós. Continuarei a orar pelos familiares enlutados. Oro também para que esta tragédia, que ainda não acabou, ao menos sirva para aprendermos a fazer mais do que foi feito para evitar desgraças vindouras.

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