quinta-feira, fevereiro 19, 2015

Não esquecer Alice

No Sábado fomos ver o filme "Still Alice" (O Meu Nome é Alice). Eu sei que nestes dias fala-se mais de filmes que promovem chibatas dominadoras do que aqueles que abordam coisas importantes. Mas talvez por eu já estar no limiar dos cinquenta, interesso-me mais por coisas luminosas do que por sombras da moda.

Curiosamente, a protagonista Alice Howland (Julianne Moore) também tem 50 anos. Tem (quase) tudo. É uma mulher inteligente e bonita, com um casamento feliz, os filhos realizados, uma carreira prestigiante no ensino universitário. Um dia, sem ela contar ou desejar - e ninguém conta ou deseja -, os dedos fatais do Alzheimer agarram-lhe a mente. Vieram para ficar. O que se faz quando se vai perder, de forma avassaladora e irreversível, a memória, a linguagem, o pensamento, a noção de si próprio e daqueles que se ama? O Alzheimer não desmembra só a pessoa doente, seca tudo e todos à sua volta.

A interpretação de Julianne Moore é soberba. A dupla de realizadores e argumentistas Richard Glatzer e Wash Westmoreland souberam recortar o essencial do best-seller de Lisa Genova. O final foge do cliché - um drama faz chorar, mas não tem que ser piegas. O Alzheimer altera radicalmente a forma como as pessoas vivem no mundo. Este filme pode mudar a forma como nós vemos o mundo. Amar mais, viver melhor, recordar o bom, resistir ao mal, sempre. "Still Alice" é um filme digno de Óscares, a sua luz deve ser vista e lembrada. Pelo menos enquanto nos pudermos.

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