quarta-feira, setembro 10, 2014

Tudo para a glória de Deus

É por uma razão bem diferente que a religião não pode ocupar a totalidade da vida no sentido de excluir todas as nossas actividades naturais. É claro que, em certo sentido, ela deve ocupar a nossa vida toda. Não há dúvida quanto ao compromisso que há entre as exigências de Deus e as da cultura, ou da política, ou de qualquer outra coisa. A exigência de Deus é infinita e inexorável. Você pode recusá-la ou começar a tentar aceitá-la. Não há meio-termo. Entretanto, apesar disso, está claro que o cristianismo não exclui nenhuma das actividades humanas comuns.

Paulo recomenda às pessoas que continuem nos seus empregos. Ele até admite que os cristãos frequentem festas nocturnas; e mais, festas oferecidas por pagãos. Nosso Senhor participou de uma festa de casamento e até providenciou o milagre do vinho. O conhecimento e as artes floresceram sob a égide da sua Igreja e ao longo da maioria das eras cristãs. É claro que a solução desse paradoxo é bastante conhecida: “Quer comais, quer bebais ou façais qualquer outra coisa, faça tudo para a glória de Deus”.

Todas as nossas actividades simplesmente naturais — até a mais humilde de todas —, serão aceitáveis se forem ofertadas a Deus, e todas elas, até a mais nobre, serão pecaminosas se não forem ofertadas a Deus. O que o cristianismo faz não é apenas substituir a nossa vida natural por uma nova; ele é, antes, uma nova organização que explora esses materiais naturais para os seus próprios fins sobrenaturais.


Retirado de Um Ano com C. S. Lewis, Editora Ultimato.

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