quarta-feira, julho 09, 2014

A dicotomia entre o sagrado e o profano

Quase a terminar a sua primeira carta à Igreja em Corínto, o Apóstolo Paulo escreve verdades profundas acerca da ressurreição e da segunda vinda do Senhor Jesus Cristo. O capítulo quinze é um dos mais esclarecedores relativamente à sublime realidade da ressurreição. As verdades são tão arrebatadoras que até parece que o Apóstolo já está no céu. Depois vem o último capítulo da Carta. No capítulo dezasseis, Paulo fala de coisas práticas, terrenas, fala de dinheiro, dos seus projectos e planos. Destes dois capítulos percebemos que Deus, não só tem interesse nas coisas espirituais, mas também tem algo a dizer no que concerne às materiais.

Hoje, muitas pessoas confinam o "sagrado" a um momento particular, a um dia específico, um templo, uma cerimónia. Depois vivem os outros dias no "mundo", não permitindo que Deus toque o seu quotidiano. O estudo, o trabalho, os relacionamentos, a diversão, pertencem ao domínio do secular. Deus e a fé não têm nada a ver com isso. Infelizmente, muitos líderes evangélicos apoiam este erro insinuando que só as actividades eclesiásticas "são de Deus" e que tudo o resto é mundano e "do diabo". Grande engano.

John Stott diz que "O dualismo, ou o divórcio entre as coisas sagradas e seculares tem sido uma tendência desastrosa na história da igreja." Paulo não pode ser acusado disso. Nas suas cartas, ele transitava simultaneamente entre o sagrado e o secular. Para Paulo "Todas as coisas são puras para os puros" (Tito 1:15). Talvez fosse esse texto que Spurgeon tinha em mente quando disse que "Para um homem que vive para Deus nada é secular, tudo é sagrado". A fé do cristão verdadeiro afecta e percebe-se em toda a sua mundividência e vivência. Quando pensa, come, bebe, estuda, trabalha, descansa, diverte-se ou faz qualquer outra coisa, deve fazê-lo "para a glória de Deus" (1 Coríntios 10:31). O mundo secular e profano não mete medo ao cristão. Para ele é uma oportunidade maravilhosa para ser santo e tornar conhecida a glória de Deus.

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