quinta-feira, maio 26, 2011

Ler mais do que se escreve

Miguel Esteves Cardoso, na sua sempre brilhante crónica do Jornal Público, dizia um dia destes que, por cada palavra que ele escrevia, costumava ler quinhentas palavras que outros escreviam. Ou seja, "um rácio de 500 para uma", gracejava ele. Fiquei a pensar naquilo. Deduzi que isto poderá explicar tantas barbaridades que se ouvem e lêem por aí. Por cada 500 palavras produzidas, lê-se uma ou nenhuma palavra dos outros. Já sabem tudo, nada precisam ler ou aprender de outrem. Só que no ofício de se dar, é preciso primeiro receber. Inevitavelmente. E quanto mais se sabe, sabe-se que pouco ou nada ainda se sabe.

Sem comentários: