terça-feira, janeiro 26, 2010

Pronunciamento

A propósito do lamentável programa "Linha da Frente - Filha roubada" emitido pela RTP1 que aludi aqui, a Aliança Evangélica Portuguesa, através da sua Assessoria Jurídica, fez uma primeira declaração que se seguirão outras disposições legais para os respectivos órgãos competentes.

Ler a tomada de posição da Aliança Evangélica

4 comentários:

Anónimo disse...

Vi a reportagem. Como cristão evangélico, Baptista, neste caso (se bem que a distinção é irrelevante), não concordo com o alarido feito por nós, evangélicos, à volta da abordagem feita. Como jornalista, que sou,reconheço a seriedade da reportagem. Claro está que uma reportagem tem sempre um grau de subjectividade, quanto mais não seja pela abordagem e selecção da informação. Decisões judiciais como a que foi questionada são sempre duvidosas e não só podem como devem ser questionadas, tanto mais neste caso que envolve uma criança apanhada entre uma discussão de adultos, por um lado, e a vocação evangelizadora de outros, por outro. Será que a instituição está disposta a libertar a criança, provada a estabilidade familiar, ou será que, para que possa "crescer em Cristo", estamos dispostos a separar uma criança dos pais? Antes de mais deve-mo-nos questionar: até onde estamos dispostos a ir pela «pregação do evangelho»?. A minha experiência como cristão diz-me que, por vezes, longe demais.
Fica a minha opinião,
Abraço!

Jorge Oliveira disse...

Olá Luís,
Respeito a tua opinião, mas não concordo com tudo o que disseste.

1º - Não me parece que tenha ocorrido o tal alarido que referes. Pelo que sei, "o caso" foi referido no estreito redil Facebookiano protestante, em dois ou três blogues e uma declaração da A.E.P. Antes tivesse havido uma maciça e saudável contestação e esta triste reportagem.

2º - Não compete ao Lar, ou outra instituição equivalente, libertar ou não libertar a criança, nem sequer questionar a ordem judicial. Compete sim cumprir com o veredicto pronunciado pelo juiz. Compete cuidar e tratar bem a criança, zelando pela sua segurança. Pelo que consta parece que o Lar estão a cumprir com tudo isso.

3º - Não sou jornalista, nem preciso ser, para perceber que esta reportagem, pelas razões que apontei nos comentários do meu post anterior (http://cantodojo.blogspot.com/2010/01/intolerancia-religiosa.html)
é um bom exemplo de mau jornalismo sensacionalista, repleto de parcialidade e com pouco rigor informativo. Note-se por exemplo que nem sequer foram consultados os responsáveis da Aliança Evangélica, nem outros aludidos na reportagem.


Reconheço que talvez a minha opinião disto tudo seja pouco distanciada, precisamente porque sou cristão evangélico mas senti-me ofendido no tratamento da notícia.
Sempre apontei os muitos erros do protestantismo aqui (os meus também), mas nunca escondi, nem renego, que sou cristão evangélico e que pertenço a uma minoria ainda muito mal interpretada e compreendida em Portugal, principalmente pelos teus colegas jornalistas.


Um abraço.

Anónimo disse...

Não é o Luís, mas o Filipe. Luís (de Viseu) é o meu primo :p. Eu sou Filipe Pinto, membro da Igreja Baptista da Esperança (Porto), "frequentador" esporádico da Igreja Baptista de Viseu por razões familiares (e porque gosto, claro). Ah, e jornalista, claro, agora desterrado em Beja.

Compreendo a posição de quem se sentiu de alguma forma incomodado com a reportagem, mas vejamos:

1- "Alarido" foi, de facto, um exagero da minha parte.

2- Compete aos técnicos do lar dar o parecer quanto à evolução da criança. O lar tem, portanto, uma responsabilidade partilhada nas decisões que respeitam ao futuro da criança - inclusive no que respeita às visitas e à relação permitida com os progenitores (para além de um peso muito grande na decisão da "devolução" ou não da criança aos pais). Mais uma vez, questiono: qual o peso da "fé" nestas decisões? De que forma a fé, a sua pregação ou "imposição" poderá influenciar a «vontade» de permanecer com a criança na sua guarda mesmo que os pais, ou um dos progenitores, demonstre ser capaz de a criar num bom (leia-se aceitável - haverá certamente muitas crianças em maior perigo) ambiente familiar?

3- Os principais actores foram ouvidos, ou contactados (magistrado, técnicos, pais, psicólogos, etc), mesmo que nem todos tenham optado por responder. 3.1- A Aliança Evangélica Portuguesa representa uma associação de igrejas, é uma instituição religiosa, se assim a podemos classificar. Não é gestora directa do lar, não representa o Estado nem o Direito(não estou a dizer que não respeite ambos, simplesmente não é o seu representante. Representa, sim, as "linhas gerais" de uma fé e da vontade de um povo (evangélico). Não foi, nem entendo porque deveria ser, contactada.

Também sou cristão evangélico. Mais, cresci num meio culturalmente muito atrasado e em que fui muito e muitas vezes descriminado e ofendido por assumir, assim como os meus pais, sem pudor a minha fé.

Agora, também conheço de perto (e por dentro) a nossa realidade. É uma realidade cheia de maus fanatismos (e não fundamentalismos), exageros e ares de superioridade "religiosa", se não intelectual.

É pelo modesto conhecimento de todas estas realidades - dá fé, da discriminação e da Informação - que tomei esta posição, acima, em relação à reportagem que, apesar do seu grau de subjectividade (inerente a qualquer reportagem) me pareceu séria. Claro está, não sou nem vidente nem nenhum "deus" do jornalismo, por isso a minha opinião vale o que vale. É só minha, é pessoal.

Bem, abraço e bons cantos ;)!

Jorge Oliveira disse...

Desculpa Filipe, mas pensei realmente que era o Luís, o teu primo.
:)


Sobre "o caso" não tenho muito mais a dizer para além do que já referi.

Um forte abraço.