domingo, maio 31, 2009

O sabão (apenas) lava o rostinho

A propósito destas duas cenas que partilhei há dias, o meu amigo Brissos Lino, fez uma interessante reflexão e agradeço a sabonetada, mas há que ter mais prudência na leitura metafórica e tropológica das minhas novelas familiares (um vício de pastor, certamente, eheh).

Como o amigo bem sabe, os maiores opositores de Jesus eram os Fariseus e estes andavam sempre a lavar as mãos, os copos, os jarros, os vasos de metal, e as camas (!); contudo, e mesmo com essas lavagens industriais, continuavam cheios de imundície e sujidade, porque o problema deles era cardiovascular: o coração. O que eles precisavam era de uma limpeza interior.
Hoje, os sabonetes actuais continuam a não conseguir lavar bem (têm demasiados químicos artificiais e provocam-me alergias). Se pensarmos bem, a Água Viva continua a lavar muito melhor que os melhores sabonetes líquidos (cá está mais uma boa analogia).


Além disso, não perfilho a questionável teologia de que a presença de Deus se ganha com muito esforço, trabalho e lavagens pessoais. A presença de Deus, mais do que um prémio pelo bom comportamento cristão é claramente um mistério imerecido da graça divina (Deus manifestou a sua presença na sarça a Moisés, um foragido e homicida; que fez ele para a merecer?). Mais do que trabalho e empenho pessoal, a presença de Deus revela-se na pessoa que confessa os seus pecados e se arrepende perante essa sempre-presente-Presença (Actos 3:19). Não se ganha, aceita-se. Constata-se. E isto não é um convite à indolência, mas um apelo ao descanso da obra completa de Cristo.


Não me leve a mal, mas na véspera do dia Mundial da Criança apetece-me cantar: "O sabão lava o rostinho, lava o meu pezinho, lava a minha mão, mas Jesus para me deixar limpinho quer lavar o meu coração."
Por mim, bem preciso.


(Desculpe lá Brissos, mas a culpa é sempre da Eva! E da serpente...Eheh)

6 comentários:

Brissos Lino disse...

As analogias valem o que valem.
E que dizer do João Baptista que, ao que parece, não tomava banho? Sorte a dele...

Jorge Oliveira disse...

Com as multidões que João baptizava desconfio que nem precisava de tomar banho. lol

Brissos Lino disse...

Mas não usava gel de banho, nem shampoo, nem sequer sabão-macaco. Além disso, ia-se lavar para quê, se os outros também não tomavam banho? Isto das analogias é muito perigoso... eheh

Jorge Oliveira disse...

Eheheheheheh
Foi o que eu disse, e ainda digo mais, as ilustrações são quase como que pequenos demónios que perseguem um pregador!
:)

Forte abraço

. disse...

mesmo assim a analogia do pastor Brissos valeu muito. O esforço é o mesmo que Deus disse a Josué : Esforça-te e tem muito bom ânimo. Imagino que se ele fica-se pela constatação teria sido predestinado ao fracasso

Jorge Oliveira disse...

Olá Samuel,
O esforço (a força) e o bom animo de Josué não eram para ganhar a presença de Deus, eram por causa dela. Josué podia avançar com confiança e sem medo porque a presença de Deus estava com ele.

"Não to mandei eu? Esforça-te e tem bom ânimo; não pasmes, nem te espantes, porque o Senhor, teu Deus, é contigo, por onde quer que andares." (Josué 1:9)

A presença de Deus em Josué não era condicional ao seu esforço, era uma certeza segura, "Porque o SENHOR, teu Deus, é contigo, por onde quer que andares."


Será que foram a força e o esforço de Josué que deitaram abaixo as muralhas de Jericó?