quarta-feira, maio 20, 2009

Continuo a crer na Igreja, apesar da igreja

Acabei de ler um comentário num blogue de um pretenso estudante de teologia que, apesar de se encontrar no último ano dos seus estudos, nunca frequentou nenhuma igreja local. Para mim isso é muito estranho. Já sofri alguns revés nas igrejas e até já deixei a minha congregação por algum tempo, mas mesmo nesses dias sempre acreditei que a vontade de Deus era estar congregado numa igreja local. Não concebo "vida cristã normal" separada da comunhão dos santos. A Bíblia liga Cristo à Igreja porque são um mistério indissociável: "Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela (...) grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja." (Efésios 5:25;32).

Para que servirá o estudo de teologia se ela não se traduzir em amor fraterno, por Deus e pelo próximo? Longe vão os tempos em que a maior alegria de um nascido de novo era congregar-se numa igreja, ser baptizado, sujeitar-se a uma liderança, crescer e servir a Deus, dentro e fora da igreja local.

Haverá com certeza muitas queixas e razões contra certos líderes e contra alguns modelos de ser e fazer igreja, mas isso não invalida que a Igreja continue a ser a expressão prática do reino de Deus na terra. Continuo a achar que a igreja, na sua expressão local e na sua multiplicidade de erros, contradições, amores e desamores é o meio privilegiado, que Deus escolheu, para o nosso crescimento espiritual. Continuo a crer que Cristo está a preparar e a santificar a "igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível" para a apresentar a si mesmo. Continuo a crer na Igreja, apesar da igreja.


"Consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes, admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia."
(Hebreus 12:24-25)

9 comentários:

Vilma disse...

A melhor ilustração que li sobre isso, foi o exemplo das brasas.
Pega-se numa brasa, coloca-se à parte e ela vai perdendo o seu calor.
Colocando de novo no braseiro, ela reacende. Precisamos uns dos outros! E cada um é importante!
Sabemos que existem multiplas diferenças entre as pessoas, mas o maior milagre na Igreja local, é que, apesar de todas as diferenças e conflitos existentes, funcionamos, porque existe Alguém que nos une.
E nessas diferenças, aprendemos, crescemos e mais que tudo, amamo-nos (pelo menos é esse o mandamento).
Abraço.

Jorge Oliveira disse...

Sem dúvida Vilma,
É uma boa ilustração essa das brasas. E o que não faltam por aí são "espalha-brasas!" lol

Que Deus nos ajude a juntar as brasas e a atiçá-las cada vez mais.

Abraço

CrisR disse...

Eu ouvi hoje uma pregação exactamente sobre igreja em que o pregador fazia um comentario "engraçado"..."As pessoas que não frequentam uma igreja local,porque dizem não conseguir conviver com esta ou aquela pessoa, como farão no céu quando estivermos todos juntos?"

O Tempo Passa disse...

Considero-me "membro da Igreja" apesar de não frequentar nenhuma.
Não culpo as igrejas por este fato. A responsabilidade é minha. Sem desculpas. Mas, sem culpas também.
Há tempo para tudo. Participei de igrejas por mais de 30 anos. No momento, não participo de uma igreja local. Posso voltar a participar de alguma, por que não? Mas, no momento, por que sim?

Jorge Oliveira disse...

Olá CrisR
Há que reconhecer que existem alguns crentes que são bastante difíceis de se conviver (eu por exemplo, eheh) mas com a lufada de ar fresco que vamos todos receber no céu, penso que essas pessoas vão tornar-se dóceis como um Ferrero Rocher...

eheheh

Jorge Oliveira disse...

Olá Rubinho,
Ao ler as suas palavras não posso deixar de imaginar a malvadez e a injustiça que porventura já experimentou nas igrejas. Mas não desista assim tão rapidamente, caro amigo. Não há ferida que o nosso Deus e Senhor não possa sarar.

Não será este o tempo da Igreja?

Forte abraço

Anónimo disse...

Vivi tambem várias experiêncas negativas com a minha igreja, mas se Deus está connosco é em nós que reside a força da mudança, ainda que frágil, temos de manter-nos firmes e se a igreja está mal, por amor a Deus e aos irmãos, somos nós o primeiro vento de mudança!

Djalmir de Barros disse...

Se tirassem as pregações de obrigatoriedade, os credos, os dogmas, as declarações de fé, voltaria.

Jorge Oliveira disse...

Olá Logos,
Não sei bem o que quer dizer com "pregações de obrigatoriedade", mas não concebo igreja sem pregação da Palavra de Deus e muito menos sem fé. Aliás Romanos 10:17 diz que estão ligadas: "a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus".

Quanto à sistematização apologética da fé, penso que é isso que se refere quando fala em "credos, os dogmas, as declarações de fé", penso que ela é uma mais valia para as igrejas, principalmente no quadro actual em que tantas seitas, heresias e tantas aberrações religiosas proliferam por aí.
No panorama actual do crescente desvio das Escrituras, gosto de estar numa igreja que claramente diz o que crê e em quem crê, e que isso está em conformidade com os ensinamentos da Palavra de Deus.


Imagino que no decorrer da sua vida tenha de alguma forma ficado desapontado com o que viu ou mesmo com o que lhe fizeram nas igrejas. Mas saiba que o apóstolo Paulo certamente sofreu muito mais nas igrejas e por causa das igrejas (leia por exemplo em 1 Coríntios 11) e nunca desistiu de orar, apoiar, ajudar e estar nas igrejas.


Se a sua igreja está em conformidade com os ensinamentos da sagrada Escritura, a Bíblia, acredito que Deus o irá ajudar a voltar. Assim seja.

Um abraço