quarta-feira, julho 16, 2008

Algumas verdades sobre o Filho Pródigo

Hoje, quando Gilberto Madail apresentou o novo seleccionador nacional Carlos Queiroz, afirmou que era “o regresso do filho pródigo”. Esta referência ao filho que se portou mal mas resolve regressar para casa do pai fez-me pensar em algumas verdades que decorrem da história bíblica, que embora não tenham grande ligação a Queiroz, têm com certeza à vida:

1 - Esta passagem revela-nos que há situações em que não podemos impedir que as pessoas que amamos escolham errar – o filho saiu da casa do Pai e partiu para o caminho da perda e da dissolução. O pai, continuou a amá-lo e ficou à espera. Provavelmente orando e chorando.

2 –
Quando o filho perdeu tudo, pensou na casa do Pai – As nossas más escolhas traduzem-se em sofrimento e angústia. Na estrada da auto-suficiência precisamos comer algumas bolotas para valorizar o que verdadeiramente importa. O mal que nos acontece, a maior parte das vezes, é o dedo amoroso de Deus a apontar o caminho para casa.

3 – O amor, a família e a comunhão amorosa na Casa do Pai, são infinitamente superiores e melhores que os mais ricos tesouros e prazeres carnais. Todas as coisas são efémeras e um dia passarão, menos a Palavra e o amor de Deus.

4 –
O pai quando viu o filho correu e lançou-se-lhe ao pescoço e beijou-o. Estranhamente, não julgou nem puniu o filho arrependido. As pessoas, as pessoas «de per se», são sempre mais importantes que a nossas melhores razões e argutos argumentos. O pai pagou a ingratidão com amor e perdão. Custa-nos entender e viver isto.

Esta passagem ensina-nos que nem sempre se colhe precisamente o que se merece. É a revelação da indecifrável, mas maravilhosa graça de Deus. É a lei do amor a superar a lei da causa e efeito.

5 –
Nem todos os filhos que coabitam na casa do Pai, estão cheios do seu amor – veja-se a atitude legalista, invejosa e vingativa do outro filho mais velho. Há justiça no amor do Pai? Sim há, a justiça da graça amorosa de Deus, que dá tudo a quem não merece nada.


Numa ou noutra circunstância todos temos sido filhos rebeldes. Eu já me senti algumas vezes como o filho pródigo. Outras, como o filho mais velho. Mas somos convocados a estar na Casa do Pai, que não é forçosamente um templo religioso, mas é o lugar da comunhão amorosa com Ele e com os outros. A seguirmos o seu amor magnânimo e não vingativo. Não é o caminho mais fácil, mas é o que vale a pena viver, porque o amor do Pai é melhor que tudo o resto.

7 comentários:

Viviana disse...

Olá Jorge,

Tenho a certeza que foi o Santo Espírito do Senhor, que o inspirou a escrever este excelente texto.

Por mim, não basta dizer que "gostei muito"... mas dizer tambem que me fez muito bem lê-lo, e reflectir sobre ele.

Obrigada, pois.

Continue assim, a dar testemunho da sua preciosa fè em Cristo.

Um abraço
Viviana

Jorge Oliveira disse...

Olá Viviana,

Agradeço as suas palavras de estímulo. Fico muito contente por saber que Deus a abençoou com o meu texto.

A Deus toda a glória.

Abraço

Tinoca Laroca disse...

Amen!

muitas e muitas vezes, já me senti o filho mais velho. E não em senti mal por isso. Senti-me revoltada, angustiada, traída. Faz parte da vida. Nessa passagem não vejo nenhuma observação ao mais velho de má conotação.
De facto falta-lhe a compaixão. Aquilo que Cristo fez e faz diariamente por cada um de nós, perdidos e desgarrados como ovelhas perdidas sem pastor.

God bless you.
T.

Daniel M.S. disse...

A insatisfação é um problema dos nossos dias. Não só o mais novo desperdiçou os bens gastando-os de forma leviana e dissoluta, mas também o mais velho,aquele ficou não soube aproveitar o que tinha debaixo do teto da casa do pai. Os dois foram "pródigos", esbanjadores.Exatamente por que estavam insatisfeitos. Um não aguentou e rapou fora o outro não teve coragem, mas revelou a sua insatisfação depois. "Estou à tanto tempo contigo e nem me deste um cabrito sequer" Eis a marca da insaisfação.Interessante é que sabemos como terminou a história do mais novo, já o mais velho, o que ficou, não sabemos...

Jorge Oliveira disse...

Olá Tinoca,

É verdade que o pai não acusou o filho mais velho (nem o mais novo), mas penso que também não aprovou a sua atitude. Diz o texto que quando o filho não quis entrar o pai insistiu com ele para que entrasse (ver. 28).

Pelas palavras do filho mais velho “Eis que há tantos anos te sirvo, e nunca transgredi um mandamento teu” (vers. 29), concluímos que o seu grande problema era o da justiça própria baseada nas obras que realizava. Foi precisamente esta autojustificação pelas obras humanas e a inveja latente que arruinou e condenou Caim.
Além disso, também se infere que o irmão mais velho arrastava consigo uma profunda falta de amor e inveja pelo irmão mais novo, que o impedia de ter comunhão com ele, "se indignou e não queria entrar"; “vindo, porém, este teu filho” (vers. 28; 30).

Quando o pai replicou ao filho (nos vers. 31, 32), lembrou-lhe que ele sempre estivera com ele e além disso que era “justo” alegrarem-se com o irmão arrependido. Esta explicação acerca da justeza da festa (a festa da graça e do arrependimento) é uma desaprovação implícita da atitude errada do filho mais velho. Atitude ingrata de não valorizar O Pai e a sua presença e atitude incorrecta por não perceber o valor do arrependimento do irmão e o amor do pai. Como tu bem o dizes faltava-lhe "compaixão".


Que Deus nos ajude a viver nessa compaixão e amor.

Abraço forte

Jorge Oliveira disse...

Olá Daniel,
Obrigado pelo seu excelente contributo.
Que Deus nos ajude a sermos mais gratos.

Abraço

Paulo Costa disse...

5 estrelas, amigo Jorge!

Creio que nesta parábola Jesus desmitifcou e derrubou várias imagens prejudiciais e negativas de Deus que nós humanos temos tendência para edificar.
Creio que nesta parábola cada um nós se sente identificado com o Filho Pródigo ou com o Filho mais velho. Esta não é uma história antiga e datada, mas uma história que se repete e renova na nossa vida ou na das pessoas que nos rodeiam.

Abraço fraterno em Cristo Jesus, nosso Mestre e Amigo.